Sl 48 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 48 é um Salmo de ação de graças, quase como o quadragésimo sexto, pois também louva a Deus pela cidade de Jerusalém, protegida e defendida por Ele contra reis e príncipes, que tiveram que se retirar com vergonha. E tiveram que manter preservado o templo, o culto e sua palavra (ou leis), para que Ele pudesse cumprir Sua promessa (como diz no nono versículo), a saber, que Ele seria o Deus deles, de acordo com o primeiro Mandamento. Como ouvimos (ele fala) e cremos, assim veremos e experimentaremos na Cidade de Jerusalém como a ação divina é monoagente, e assim por diante. Nós, como povo de Deus da Nova Aliança, o cantamos porque é Deus também para quem, não obstante ou apesar de, preserva o cristianismo e o Evangelho contra o raivar de autoridades seculares e estatais, que enfim igualmente devem ir embora com vergonha com sua rejeição da justiça da fé, e precisarão, mesmo a contragosto, deixar que permaneça a Palavra: lei e Evangelho, para a salvação de toda a pessoa que crê em Jesus Cristo, o único, suficiente, necessário Remidor e Salvador.
Caso a pessoa confie em Cristo e, concomitantemente, nos próprios feitos, caem por terra a fé e o Cristo todo. Pois, se vale exclusivamente Cristo e eu o confesso (!), tenho de dizer quando Cristo conquista reconciliação integral, vida e salvação para mim e todas as pessoas crentes nEle, então não preciso fazer nada (para tal finalidade). Já que os dois [Cristo e o eu ativo] não se toleram, ao mesmo tempo, no coração com o intuito de que eu confie, para reconciliação integral, vida e salvação nos dois, mas um deles urge sair do coração: ou Cristo ou o meu agir que visa vida e salvação. Só o SENHOR dos Exércitos derrota os inimigos internos.
Testemunhar a Jesus Cristo, em consonância com as Escrituras, como o salmista, é imprescindível, em exercício legítimo do ministério da Palavra. Porque apenas a fé, a que é dom e dádiva do Espírito Santo, sim, que o próprio Deus, concede, examina, julga e galardoa, percebe isto. Esta fé não se promove a si, ao contrário, aponta tão-só para Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que foi feito nascer, segundo a promessa, da geração circuncisa, em nosso favor, sem nossos méritos e dignidades, realiza a Deus Pai, e se autocontextualiza. Na medida em que a fé, a incomum, faz isto, nota como corre perigo de se desvirtuar e como está sendo questionada radicalmente, e, ao mesmo tempo, chega a gritar por fé autêntica e se arrisca a esperar por e a seguir a Jesus Cristo, que ainda não conhece na Sua plenitude. Só Deus mesmo, na unidade do Espírito Santo, mediante Jesus Cristo, se Lhe aprouver, pode ser o nosso guia até a morte. O que importa mesmo é a misericórdia divina.
Não é o templo e nem Jerusalém que abençoam quem quer que seja. Antes, é a Palavra e a fé em Jesus Cristo – que destrói quem se coliga para reinar, a saber: diabo, mundo e nossa carne. Só Deus mesmo destrói as ‘naus de Társis’ que capitaneiam que ao lado da Palavra também se deva dar ouvidos crentes à tradição. Pois só se combate e se espanta a heresia e a gente heresiarca com consciência cativa à Palavra de Deus: lei e Evangelho. Ademais, só a existencial e convicta mudança na doutrina, a correção da doutrina, a reforma da doutrina é que leva a mudanças exteriores necessárias do ser da Igreja. A fé em Jesus Cristo é que precisa ser proclamada em todo o mundo – Rm 1.18. Pois somente o Evangelho de Jesus Cristo, poder de Deus para a salvação de toda a pessoa que crê, é que deve nortear e ser juiz da reforma da Igreja. Um fato é ter consciência cativa ao Evangelho. Outro é a cativa à tradição religiosa.