Sl 49 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 49 é um Salmo de ensino ou didático contra o grande deus e ídolo do mundo todo, cujo nome é Mâmon. Ele condena e rejeita, exortando, já que são irredutíveis, os grandes tolos autojustificados, que confiam na senhora riqueza e não veem que não podem salvar-se da morte a não ser única, exclusiva e tão-somente por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo. Por isso age melhor e faz bem e está certo quem confia em Deus, que redime da morte e dá a vida eterna. Eles, os tolos, como os animais, morrem e têm que deixar tudo para trás e não sabem quem fica com o que autofizeram ser o seu deus, senhor, salvador. Ninguém pode remir a quem quer que seja mediante ouro e prata. Somente o sangue de Jesus Cristo, o Crucificado, Ressuscitado e Assunto aos céus tem poder de remir e salvar, integralmente.
Se nós observamos, detidamente, o mundo cindido em sua natureza, constataremos como a avareza e o logro têm as rédeas na mão em muitos negócios feitos. Verificaremos que temos o bastante que fazer para revermos a nossa forma de vida e fé, mas, também, seremos tomados/as de terror e pavor ante ao quanto essa vida é cheia de perigo e miséria. E que não raro está sobrecarregada, enleada e presa em preocupações pelo alimento temporal e na busca desonesta do mesmo das mais variadas formas. Não é assim que a preocupação, quase que geral, é ficar e permanecer rico com o menor trabalho possível? Não é assim que a maioria corre atrás do ‘ouro’ ou deposita a sua confiança nos seus tesouros e bens materiais como se fossem o seu deus e senhor? No entanto, são reduzidas as pessoas que condenam e rejeitam a cobiça em seu coração. É ela que faz com que o ser humano viva determinado pela fome e sede de abastança ou na busca de vantagem pessoal, sem remorso. A cobiça e a fome e sede de abastança têm ou criam, no geral, um excelente e refinado pretexto carnal que se chama sustento do corpo e necessidade natural. E, não raro, alegando tais, faz a pessoa agir descomedida e insaciavelmente, como quem quer realizar um ‘prodígio ou milagre em sua vida’ que tem em vista a bem-aventurança do corpo em detrimento da alma e do espírito.
Quem quer fazer não só boas obras, mas, também, prodígios que sejam objeto do louvor e do agrado de Deus deve atentar para si mesmo e tratar de não ficar correndo atrás do ouro e bens materiais como se fossem Deus. Igualmente, não depositar a sua confiança no dinheiro e riquezas materiais como se fosse o seu Senhor. Mas, sim, fazer com que o ouro e os bens, o dinheiro e as riquezas materiais corram atrás de nós e esperem por graça da nossa parte. Porque quem apega o seu coração e mente cobiçosos ao terrenal e transitório, não raro, desleixa no que é o mais importante para além da vida e da morte: o dar ouvidos crentes somente à Palavra de Deus. Porquanto vaidade é crer que se é salvo mediante boas obras.
A justificação mediante as obras, dignidades, méritos é morte e sepultura para quem crê que pode ser salvo e se salvar sem a necessidade de Cristo e dos Seus benefícios. Quem assim crê, ensina e confessa está ainda cativo ao poder da morte. Ao morrer ninguém leva junto consigo o que teve e nem ainda poderá se autossalvar da morte eterna alegrando méritos e dignidades pessoias ou de quem quer que seja. Somente Jesus Cristo nos livra da ira divina, se Lhe aprouver. Ser ilibado segundo o juízo da carne e sangue é altamente cobiçado pelas pessoas carnais. E é sem entendimento quem dá fé na justiça da lei em detrimento da justiça da fé.