Sl 50 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo cinquenta é um salmo didático, e esclarece o que é o verdadeiro culto e sacrifício a Deus. E ao fazê-lo, condena e rejeita os falsos santos, os quais tanto se pavoneiam do seu sacrifício e méritos, considerando-os preciosos diante de Deus, como se Ele, agora, em virtude de suas obras autoindulgentes, tivesse que louvar e exaltar lhes. O certo, legítimo e verdadeiro é o inverso. Ele quer que os Seus benefícios e ajuda mediante Cristo sejam considerados preciosos. E que nós, por nossa vez, como um dever, enquanto crentes na Sua Palavra, lhe sejamos gratos. Atentemos bem no conteúdo concluso do Salmo de Asafe. O exórdio ou começo do Salmo é mais grandioso e impressionante que se pode imaginar, porque o orador e Deus e a audiência é um mundo reunido! Não há comparação ou cena similar a algo semelhantemente humano. E Deus, com palavras claras e evidentes, como algo bom da parte dEle em nosso favor, prega doutrinando e salmodia ensinando que é nosso dever invocar a Ele em todas as necessidades, e agradecer-Lhe, sobretudo, pelo perdão, ainda, possível por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo. E isto porque a fé, dádiva e dom do Espírito Santo, é o verdadeiro culto a Deus. Sim, este é o verdadeiro e amável sacrifício, e o correto ‘caminho’ à salvação de Deus, como diz no último versículo. Oferece a Deus, por causa de Cristo, sacrifício de ações de graças e cumpre os seus votos para com o Altíssimo, com diz no versículo 14, quem não o auto escolhe e nem sequer o auto institui, mas, antes, quem orienta a sua vida e fé em conformidade com os dez Mandamentos de Deus, em especial, o primeiro que trata da fé e da correta comunhão com Deus Pai. Pois ele inicia com uma palavra promissiva: “Eu sou o SENHOR, o teu Deus”, que requer de nós ouvidos crentes. Sim, ele instrui o coração e ensina a fé, assim como o segundo Mandamento conduz para fora e põe a boca e a língua na relação correta para com Deus. E o terceiro: que as obras, sim, toda a nossa vida e ação sejam diligentemente inspirados e orientados pela Palavra de Deus. Disto, os falsos santos e hipócritas nada sabem e nem muito menos querem saber. Por isso mesmo a sua fé é examinada e condenada, aqui, de pronto e de todo, para que tomemos exemplo, agora e já.
Nós devemos, como o salmista, invocar o nome de Deus em toda sorte de dificuldades. Pois isto é o que Deus considera santificar e honrar grandemente o Seu nome: chamá-lo e invoca-lo na atribulação e necessidade, sobretudo nas incomuns. Este é, afinal, também o motivo por que Ele permite que nos inflija muita dificuldade, sofrimento, atribulação e até a morte, fazendo-nos viver ainda em muitas inclinações más e pecaminosas. Com isto Ele quer, não obstante, insistir com a pessoa que tem a Palavra e a fé: que conte com a Sua ajuda. E lhe dar forte motivo para ‘correr’ a Ele, gritar e invocar Seu santo nome e, assim, cumprir esta obra do segundo Mandamento, conforme ele diz em Sl 50.14s.: “Invoca-me em tua necessidade, e eu virei em teu socorro, e tu me honrarás, pois um sacrifício de louvor é o que eu quero.”
A essência do culto a Deus tem razão, causa, circunstância: a fé. É graça que Deus dirige a nós a Sua Palavra. E quando Ele o faz, é porque que Ele quer ser apreendido por nós via Palavra e fé. Deus, sem nossa participação méritos e dignidades quer ser, do início ao fim da nossa vida e para além delas, o nosso Deus vivo, único, suficiente, necessário, indispensável, inegociável mediante Jesus Cristo, que, na carne nos reconcilia com Deus. Sim. Deus, o SENHOR, que não é nosso igual, quer que todas as pessoas da terra O ouçam, via Palavra, com fé. Pois somente Ele, em mono agência, nos quer remir e salvar, contanto que creiamos no Seu Filho unigênito.
