Sl 51 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O salmo 51 é um Salmo de ensino, o mais destacado, no qual o salmista prega a nós, inspirado pelo Espírito Santo, de modo puro, o que é pecado, qual a sua origem e como se pode vir a ser alguém livre dele, sem méritos. Somente Deus, o SENHOR, por Sua graça e misericórdia, se Lhe aprouver, por causa de Jesus Cristo, perdoa e remove o pecado, como condição nossa, por natureza; e os pecados, como frutos e desdobramentos da incredulidade, contanto que nos arrependamos e creiamos, unido à comunidade, por ação do Espírito Santo, via ministério da pregação da fé. Porque nós somos pessoas pecadoras por natureza, a alegria autojustificada acerca do perdão não bane a tristeza e nem a culpa pelo pecado. Somente o Espírito Santo, mediante a Palavra, por graça divina e fé, pode regenerar, de fora, internamente.
O SI 51.12 diz: “sustenta-me com um espírito voluntário’, ou seja, com o Espírito Santo, que faz com que as pessoas sirvam a Deus de livre e espontânea vontade, e não por medo do castigo ou motivadas por amor falso. Pois todos os que servem movidos pelo medo, fazem-no apenas enquanto persistir o medo. Sim, são forçados a servir e servem contra sua vontade, de sorte que, se não houvesse inferno ou castigo, eles não o fariam. São igualmente inconstantes aqueles que servem movidos por amor aos dons e à recompensa de Deus, pois caso nada soubessem a respeito de recompensa, ou quando Deus deixa de dar Seus dons, eles também param de amar a Deus. Todos estes não têm alegria na salvação de Deus, nem coração puro, nem espírito reto, mas amam a si mesmos mais do que a Deus. Agora, aquelas pessoas que servem a Deus de boa vontade ficam firmes neste serviço, quer tudo corra bem ou não, quer seja a vida doce, quer amarga. Isto porque Deus lhes deu firmeza e constância através da dádiva de uma boa vontade nobre, espontânea, principesca, livre. Porque na língua hebraica a palavrinha “espírito voluntário”, que aparece no texto, também significa favorável, livre. Pois, tudo que é mantido pela força não vai longe, mas o que é mantido de livre vontade, isto permanece, contanto que esteja livre de autoconfiança na justiça das obras e arrogância.
O versículo 17 deveria ser escrito e sublinhado com letras douradas, porquanto consola o coração, por graça de Deus, crente em Cristo, o único, suficiente, necessário, indispensável, inegociável Remidor. Ele nos revela de modo cordial e misericordioso como Deus é em nosso favor, por causa da Sua promessa: que perdoa e remove todos os pecados, se Lhe aprouver. E Ele o faz porque não desprezará coração compungido e contrito, via Palavra e fé. O coração compungido é o coração alquebrado, que foi levado a reconhecer que a pessoa somente presta por causa de Deus que é gracioso e compassivo em nosso favor mediante Jesus Cristo, o Crucificado Ressurreto / Ressurreto Crucificado. E foi levado a reconhecer, por ação do Espírito Santo, ressaltada pregação da fé, que a pessoa é pecadora, por natureza, e que somente crendo em Cristo pode ser salva. O coração contrito é aquele que, humildemente, dá a honra a Deus, e a si mesmo, o pecado. Porquanto nada do que o ser humano faça e empreenda conseguem autoalcançar perdão dos pecados, vida e salvação. Quanto mais a pessoa defende os seus pecados tanto mais ela se afasta de Deus, que é satisfeito unicamente mediante a única e suficiente justiça de Cristo. E, por fim, ela, autoindulgente, até culpa a Ele dos seus pecados, o que o salmista, inspirado por Deus, quer que evitemos e não façamos. De nada adianta, portanto, muito brilhar na aparência externa se diante de Deus, a pessoa é péssima. Gente santa de aparência é o que é, razão pela qual amam a aparência e a hipocrisia.