Sl 52 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 52 é um Salmo de consolo incomum, e o título indica suficientemente do que ele está falando, ou seja, de Doegue, o edomita, que traiu Davi e derramou muito sangue inocente – 1Sm 22.9,18. Estes são os traidores e cães sanguinários que blasfemam a palavra de Deus na Casa de Deus, e insultam os verazes, legítimos, necessários, indispensáveis servos de Deus, o SENHOR, que vão à frente do povo como reformadores da fé e da moral, do lar ao Governo.
O salmista salmodia acerca da condenação do ímpio, e assim notifica ao arrependimento, hoje. Pois quando são mais do que uma pessoa – pior ainda se investidos de poder e autoridade autoinovadas – com sua falácia e bajulação de palavra e ministério autojustificados, incitam reis e príncipes, sem temor de Deus, a derramar, sem dó e piedade, sangue inocente de quem prega corretamente a Cristo e Seus benefícios. Contra tais malvados malfeitores esse Salmo conforta e proclama-lhes sua ‘recompensa’, que receberão em corpo, bens, casa, terra. No que tange às pessoas piedosas e de coração temente a Deus, o salmista certifica que, por ação monoangente de Deus, o SENHOR, não obstante, se permanecerem e guardarem a casa e a palavra de Deus, de modo impermista, o fazem para a sua própria alegria e esperança.
Deus, o SENHOR, que prometeu que faria nascer o Cristo da geração circuncisa, não é mau, ruim, irado em Si e por Si mesmo, como se Ele tivesse prazer na morte da pessoa ímpia. Antes, é ela mesma, já que não se penitencia de modo algum e nem põem um fim no malífluo e na sua diabrura, pois se gloria, autossuficiente, na maldade, que provoca Deus à ira contra si.
O SaImo 52 é um lamento profundamente pessoal de Davi quando ele fala diretamente a um inimigo cruel (vs. 1-7). Ele corajosamente enfrenta este perverso iníquo, que tem fé pervertida (“Amas o mal… preferes mentir”, v. 3). Davi anuncia o juízo de Deus (v. 5) e encontra, por fé, consolação na “misericórdia de Deus” (v. 8 ecoa o v. 1). O tom é semelhante ao de Isaías 22.15-19. O Salmo, quanto ao nome, é didático, ou literalmente “maskil”, como os Salmos 32, 42, 45, 52-55, 74, 88s., 142. O maioral dos pastores de Saul, Doegue, denunciou o sacerdote Abimeleque a Saul depois que viu Davi, o ‘jurado de morte’, receber ajuda dele (1Sm 21.1-9). O sanguinário Saul declarou Abimeleque culpado por ter ajudado Davi e ordenou que Doegue matasse Abimeleque, a sua família, 85 sacerdotes e toda a cidade de Nobe (1Sm 22.6-23).
Quanto à estrutura, o Salmo 52, pode ser assim delimitado: Vs. 1-4, a língua enganadora; vs. 5-7, o fim do perverso; vs. 8-9, a vida dos piedosos. Vale ainda, à título de exortação presente, referir que Doegue era um mentiroso autossuficiente contra Deus. Ele não obstante ímpio ainda se gaba da sua maldade caluniosa, ‘vivendo’ rebelião contra Ele. Razão pela qual Davi emprega sarcasmo, doutrinando que Doegue não é um guerreiro heroico, mas somente um pastor de Saul agindo de forma arrogante, que crê que Deus, já não intervém logo com ira, não se importa e nem responsabiliza a pessoa ímpia autoindulgente com o pecado e os pecados.
O salmodiado nos notifica a confiar e esperar na justiça e no amor de Deus, não obstante o mundo incrédulo, no qual os ímpios atacam os reformadores da fé e da moral, para os quais Cristo e Seu Evangelho são importantes. E eles, vaidosos, até mesmo prosperam em sua maldade, o que os leva a concluir que Deus não se importa com a falsa fé, teologia, culto, piedade. Mas verdade é que Deus é Deus. Ele, só, é misericordioso, veraz, fiel, justo.
