Sl 53 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 53 é um Salmo de ensino e uma profecia, como o Salmo 14, porque ambos têm quase os mesmos versículos e palavras. Em suma: ambos punem os santos infiéis que perseguem a doutrina e os professores corretos da Escritura, os cristólogos evangelistas, reformadores da fé e da moral, do lar ao Governo. E, no final, ele proclama o Evangelho e o reino de Cristo, que deveria vir de Sião, em cumprimento da promessa divina, sem participação nossa.
O presente Salmo é quase idêntico ao Salmo 14, repito destacando. Nos vs. 2,4-6, o nome divino SENHOR (Yahweh) é substituído pelo termo Deus (Elohim). No v. 5, o conteúdo de 14.5-6 é reformulado, pois Jacó exultará, não os obreiros da iniquidade. O cabeçalho do Salmo 53 é mais elaborado que o do Salmo 14. E a ordem das histórias sobre os seres humanos em 1 Samuel (cap. 22 para Doegue; cap. 25 para Nabal; cap. 26 para os zifeus) é reproduzida em três Salmos: Sl 52 para Doegue; Sl 53 para o “insensato” (hebraico: nabal); e Sl 54 para os zifeus.
No título do Salmo diz para cítara, ou literalmente: “mahalath” – pois todos nós somos pecadores por natureza. E não há como se autossalvar do diabo, da carne, da morte, façamos nós o queiramos e podemos. O presente Salmo como o 88 são Salmos didáticos ou sapienciais. Quanto à estrutura, no presente, cada versículo é uma estrofe independente. Os versículos 1 a 3 (também 14.1-3) são citadas por Paulo em Rm 3.10-12 para expor seu argumento epistolar sobre a corrupção universal de todas as pessoas e, portanto, da necessidade universal da salvação de Cristo. Pois, por natureza, todas as pessoas agem como se Deus não existisse. Davi e outros salmistas, fora da Palavra e da fé inspirada, também consideram a si mesmos injustos (veja por exemplo: Sl 130.3; 143.2). Mas as pessoas iníquas, de fé, teologia, culto, piedade autoinovadas, às vezes somente visível por Deus, satisfazem seus apetites vorazes à custa de outra gente para a qual Cristo é importante, sem quaisquer escrúpulos ou inibições.
No versículo 5 o salmista salmodia asseverando que, não obstante, porque Deus é Deus, não há a quem temer ao lado ou acima dEle. Antes, com piedosos, se deve temer, amar, confiar em Deus acima de tudo, de todas as pessoas, de todas as coisas. Deus, o SENHOR, se dirige ao Seu povo, dizendo que não há motivo real para terror, pois Ele destruirá, já que não tem outro jeito de dar um jeito na situação, o inimigo que sitia, intuindo impedir o cumprimento da promessa alusiva a Cristo. Eis porque gente serva e serviçal dos inimigos espirituais, se autocausa o mal no mais alto grau, ao provocarem o Deus promissivo à ira.
Quando insensatos perversos, em autojustificação do mal e do mau, sitiam o povo de Deus, Ele os salva e restaura. Sim, claro, e é aqui que reside o x da questão: nós, por natureza, somos todos insensatamente corruptos. E acontece que praticamos o que Deus significa ser iniquidade e aquilo que não é correto ante Ele. Em Comunidade, via Palavra, como no presente Salmo, nós somos conscientizados de que, por nossa própria razão, força, inteligência não entendemos e nem buscamos a Deus onde Ele se oferece a Si mesmo, de graça. Todos nós nos afastamos dEle. A salvação que nos vem de Sião é Jesus, que tomou sobre Si a nossa insensatez – nossa iniquidade e corrupção, nosso pecado e morte e nos salvou pela aparente loucura da Sua cruz (1Co 1.18-25). Apesar de termos nos tornado todos igualmente corruptos, no tempo da graça, ainda, é possível orar e dizer, em resposta do conteúdo do presente Salmo: Deus, envia-nos a Tua salvação e restaura a nossa sorte em e por causa Jesus Cristo. Amém.