Sl 54 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 54 é um Salmo de oração contra aqueles que perseguem aos piedosos e de coração temente a Deus, e que procuram tira-lhes a vida por causa da palavra de Deus e da fé nela, como Saul e os zifeus atentaram contra a vida e fé de Davi, que, pela palavra de Deus, fora chamado e consagrado rei. No Salmo, Davi ora apelando para o socorro de Deus e pede que Ele execute vingança contra os inimigos incomuns – insolentes, violentos, opressores –, já que de modo algum se deixam notificar ao arrependimento e à fé. Davi apela para o socorro de Deus pois Ele pode pôr um fim nos que autojustificam a sua vida e fé sem amparo na Palavra.
Ao fugir da intenção assassina de Saul, Davi se escondeu no deserto de Zife, na região sul de Judá. A fim de obter o favor de Saul, os zifeus entregaram o paradeiro de Davi (1Sm 23.15-24; 26.1). Quanto à estrutura do Salmo: Vs. 1-2, apelo por salvação; v. 3, ataque implacável; vs. 4-5, Deus é o meu ajudador; vs. 6-7, gratidão pela libertação, como se já fosse, por antecipação, fato consumado. Isto somente a fé incomum é capaz de certificar internamente.
O salmista ora por libertação divina – a incomum – em meio à perseguição familiar e até mesmo de estranhos, para quem a Palavra e a fé não eram vitais! Ele está confiante de que Deus, o SENHOR, não obstante, o ajudará, como sempre fez, quando se tratou de gente atribulada, para quem Cristo e Seu Reino eram importantes. Em tempos de súbita provação e inesperadas tribulações, perdida a Palavra e a fé, diferente do que Davi, nós facilmente nos desiludimos e nos perguntamos se Deus nos abandonou, desleixando na oração. Contudo, o que vale mesmo é que em todas as dificuldades incomuns, Deus, por causa de Cristo e Seus benefícios, é o nosso corpóreo infalível ajudador. O livramento que Ele nos providencia em Cristo e por causa dEle, que também conheceu perseguição e morte de cruz, como SENHOR, nos torna vitoriosos, apesar de todas as evidências em contrário. E ante tal presença corpórea de Deus, o ajudador, só podemos mesmo e devemos orar e dizer: obrigado, Deus, por seres nosso SENHOR, o defensor da Palavra e do ministério da Palavra, em todo o orbe terrestre, a bem das consciências atribuladas e dos corações entristecidos. Aleluia! Amém.
“Quando os zifeus vieram e disseram a Saul: Porventura, não está escondido entre nós?” para, com as devidas ressalvar, poderíamos ajuizar, bajularem as boas graças terrenas de Saul, eles se tornaram culpados de grave inospitalidade diante de Deus. Já que Cristo não lhes era importante e a pregação acerca dEle praticamente jazia morta, eles não se importaram que sangue inocente fosse derramado, contanto que ganhassem o sorriso desairoso do monarca, rejeitado por Deus! Davi chegou quietamente entre eles, esperando ter descanso das suas muitas fugas, mas eles o espreitaram de longe na sua moradia solitária, e o traíram. Mas se equivocaram porque Davi não estava sozinho: Deus era, apesar de, com ele. E ele, em sua tribulação, ao invés de praguejar, se volta a Deus em oração, embasado na Palavra e na fé.
Os zifeus, dos quais Davi não esperava tal ameaça assassina, foram insolentes. Pois eram um clã, ou família, descendente do nobre Calebe (Js 15.24; 1Cr 2.42; 4.16), mas não têm Deus diante de si. À luz da razão e da inteligência era de se esperar que eles, assim como Calebe, fossem gente que teme, ama, confia em Deus acima de tudo, de todas as pessoas, de todas as coisas, mas, não. Apesar da vida e fé dos zifeus, que tinham como norma e regra de vida fé o predicar rebeldia, Davi não se deixa determinar pelas circunstâncias, pois crê no que socorre, de modo incomum, não segundo a carne o sangue! Quiçá nos deixemos conscientizar.