Sl 56 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 56 é um Salmo de oração. Nele Davi, súplice, lamenta diante de Deus, o SENHOR, acerca do que Saul e os seus servos e seguidores bajuladores de espreita estão fazendo de mal contra ele. Ele precisa ser um fugitivo e errante na terra por causa de quem, justamente de quem, se espera que seja alguém que teme a Deus e ama a pessoa próxima como a si mesmo. O rei Saul, principalmente, é de tal modo mau que Davi precisa sair da sua própria terra e estar na dos filisteus – inimigos mortais e declarados de Israel – para os quais Cristo e Seu reino não eram importantes. Sim, Saul e os seus servos lacaios, indulgentes com sua vida e fé ruins, de tal modo tentam extingui-lo e exterminá-lo, que Davi não pode estar em tempo e em lugar, de forma e de modo algum seguro de sua vida. Neste contexto incomum, ele se consola, no entanto, que tem a Palavra e as Promessas de Deus, e o direito ao trono real prometido a seu favor, se bem que Saul e seu Exército, diariamente, o tentem impedir, negar, estorvar, tornar irrealizável. Saul e quem lhe é fiel, via serviço ou seguimento tolo, não querem que Davi reine de modo algum. Eles, sem atentar para o fato de que estão se tornando culpados diante de Deus com o seu pecado, entristecem Davi de modo tal que ele chora. Entretanto, a ênfase do texto não está no choro, que é abundante, mas em quem e no fato de que há alguém que recolhe as lágrimas derramadas por causa de injustiça em Seu odre: Deus, o SENHOR.
O Salmo 56, no passado e no presente, é também uma oração modelo contra os maus e sua tirania contra a Palavra e a fé. Deus é Deus. A Ele é preciso temer, amar e confiar nEle acima de tudo, de todas as pessoas, de todas as coisas. Saul e quem lhe ouve, não resistindo ao seu mal, como os ímpios e incrédulos, de todas as épocas, mesmo sem certeza de que o que fazem e empreendem é da vontade de Deus, querem, de todos os modos e formas e meios possíveis impedir que quem é de Deus e membro do Seu povo jamais tenha, mantenha e nem sequer alcance paz. Quem ora o presente Salmo, em Igreja e Sociedade, se consola em Deus, o SENHOR, porque Ele, apesar de, é com quem é dEle, ainda que a razão e inteligência sintam e ajuízem o contrário. Ele, Deus, circunda, é presente, vela pelo povo da Palavra e da Fé, ainda que segundo a carne e o sangue, se perceba, tenha e veja o mal e os maus espreitando, atribulando, negando o direito à vida a quem têm Deus, Sua Palavra, Suas promessas consigo e em seu favor. Por isso mesmo Davi não somente crê que Deus recolhe as suas lágrimas em Seu odre, mas também atenta para a aflição injusta que as tornaram realidade. Ele quer que o SENHOR ponha termo à sua aflição incomum, e ponha um fim no que martiriza. Algo que lhe é impossível, sem pecar contra o ungido de Deus, Saul. Por isso mesmo, Davi recorre à oração, crente de que quem socorre na perseguição incomum deve ser o próprio Deus, o SENHOR.
O Salmo 56 tem como estrutura: Vs. 1-3, súplica confiante pela misericórdia de Deus; v. 4, em meio aos leões; v. 5, um refrão que exalta a Deus; vs. 6-10, louvor ao SENHOR; v. 11, refrão que exalta a Deus. Nele, no Salmo, mesmo no meio de perigos, Davi se regozija no amor de Deus e no Seu infalível livramento da morte, se Lhe aprouver, por causa de Cristo. E, agora, atualizado, quando nós por causa de Cristo e do Seu nome, por exemplo, enfrentamos provações incomuns, podemos ser tentados a nos preocupar com o nosso próprio bem-estar ou sentir vontade de desistir em meio ao desespero. Em vez disto, podemos e devemos lembrar que nossas tribulações incomuns não são novos e que Deus é capaz de auxiliar em qualquer situação. Por meio do salmodiado, Deus, via Palavra e fé, fortalece a nossa confiança e nos aproxima, pelo Espírito Santo, de Jesus Cristo, o nosso Salvador. Aleluia! Amém.