Salmos

Sl 60 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo de número 60 é um Salmo no qual Davi agradece a Deus, que lhe concedeu um reino no qual a Palavra de Deus, lei e Evangelho, passou a ser ensinada, ao modo dos reformadores da fé e da moral, que lhe antecederam, com hermenêutica pura, correta, necessária, legítima. E com base nela, ele estava, agora, sendo regido de modo sobrenatural. No reinado de Davi se restabelece e se busca a ação divina presente entre o povo com vistas à paz, que não tem o ser humano como agente, centro, fundamento, alvo. No do rei Saul, o reino estava e se encontrava desunido, desertificado, sobretudo porque a Palavra, que tem como centro a Cristo, não era regra de fé e nem norma de conduta. Ademais, o reino de Saul foi duramente prejudicado em virtude das investidas dos filisteus, com suas guerras, dificultando, assim, ainda mais a paz. Sem contar outros males e história má presente no período de Saul em consequência de servos e súditos maus: para os quais Cristo não era importante. Razão pela qual os três primeiros versículos do Salmo são um lamento súplice. O Deus, que é vivo e real, foi buscado e invocado por Davi, o rei justificado por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo, que haveria de ser feito nascer dos judeus, segundo a carne, em cumprimento da promessa divina. A Deus e à Sua Palavra, apesar dos inimigos e adversários, foi dado importância, novamente, desde o momento em que o ministério deixou de jazer em ruínas. E assim o povo crente em Deus Pai, mediante Jesus Cristo, apesar de, seguiu avante vitorioso, protegido e guardado não pela ‘carne e sangue’. O agir do ser humano não regenerado em busca de união e paz dispensa, prepotente, o trono da graça de Deus, junto ao qual o povo da fé, em resposta da Palavra ouvida com fé presente, se volta em oração e súplica, indiferente as tribulações, as angústias, a necessidade de socorro não em primeiro lugar dos inimigos externos, mas dos internos. O que importa mesmo, sobretudo, é o Santificador agindo, de fora, internamente, onde e quando apraz a Deus Pai, que vem a nós de modo mediado. E que a Palavra de Deus seja ouvida com fé presente. O reino segundo o ser humano é e será pleno de pecados e maldades não confessados e nem abandonados. Por isso mesmo ele é sem paz, a rara, interna e externa. O reino de Deus não é regido e nem determinado pelo ser humano e seus méritos. Porque nele a paz não se estabelece e nem pode ser tornada realidade bagatelizando a Palavra e a fé, que é dádiva e dom do Espírito Santo. A paz incomum e seus desdobramentos no coração e na consciência das pessoas, no reinado de Davi, não se conquistaram como mérito do ser humano de Siquém, Sucote, Gileade, Manassés, Efraim, Judá, Moabe, Edom. A paz no reino de Deus, no qual a Palavra precisa ser regra e norma de fé e de conduta, apesar da guerra contra ela, não foi fruto do esforço piedoso do ser humano. Porque vã e insuficiente é a capacidade do ser humano, pecador por natureza, quando se trata de estabelecer e restabelecer a paz perene: a que de Deus vem e para Ele aponta via Cristo. A razão e a inteligência concluem que se consegue ter paz fazendo consensos na Palavra e na fé. Mas fato é que grande angústia se faz presente onde não há paz como fruto da ação divina mediante a Palavra, em comunidade da pregação da fé. Se Deus, o SENHOR, não vem em socorre na angústia, fazendo com que a Palavra soe e seja crida, a paz é, definitivamente, impossível. Isto posto não é difícil reconhecer porque o Salmo encerra com louvor e gratidão a Deus, por causa de Jesus Cristo e Seus benefícios. Porque somente nEle e em virtude dEle se faz proezas: viver e morrer como gente dependente do perdão dos pecados, vida e salvação. É a Palavra de Deus e a Sua viva voz, em monoagência, reinando e regendo no povo, promovendo e apontando para Cristo, que faz proezas. Em virtude dela as pessoas crentes vivem e podem viver em e com paz: recebendo e cedendo perdão, mutuamente. É o perdão dos pecados divino, impossível de ser conquistado pelo ser humano, que auxilia na angústia incomum, pela fé. Porque o ser humano, por mais cheio de dádivas e dons que seja, não consegue socorrer outrem quando o assunto é paz na consciência e paz perene entre as pessoas pecadoras por natureza. Quem presta sem o perdão? Ninguém! Sem Deus regendo em nós, via Palavra e fé, a paz com fruto do esforço humano, sem demora, rui – não subsiste.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com