Sl 76 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 76 é um Salmo de ação de graças, tão marcante quanto o Salmo 46; pois ele agradece que Deus tem Sua morada, Sua palavra e Seu ministério em Jerusalém com vista a Cristo, que Deus haveria de fazer nascer, em cumprimento da Escritura, segundo a carne, da geração circuncisa, e ali protege Seu povo magnificamente contra os reis e guerreiros irados que queriam devorá-los, como Senaqueribe. Ele sabe como desencorajar os príncipes e deixá-los desanimados, pois quem vela pela Sua Palavra é Deus, em monoagência. Desta forma Ele, por Sua graça, repreende inimigos Seus, que nos querem impedir de evangelizar a Cristo, viver o Evangelho, usufruir dos Seus benefícios. É mau e ímpio se autoempoderar contra Deus, pois Ele tem poder sobre o coração e a coragem. Deus é Deus. Por isso mesmo por mais que alguém seja e se autofaça tão poderoso e mau quanto ele deseja ser e se portar, Deus é Deus. Inclusive o próprio diabo deve fugir dEle e perde a coragem. Vale a pergunta: o que pessoas mortais pensam quando se levantam contra a majestade e o poder de Deus? A Deus em Seu guerrear e em Seu SER em favor de quem nEle crê nós devemos louvar. Ele pode e de fato vem em socorro do Seu povo e pode lutar com reis, sem uso e emprego de espada, apenas fazendo com que fiquem amedrontados e se portem como vencidos. Pois é Ele que mediante Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo, se compadece de quem é angustiado, injustamente.
Provoca Deus à ira no mais alto grau quem quer, via méritos, boas obras e dignidades, crucificar o diabo, matar a morte, condenar o pecado, amarrar a lei, livrar e salvar-se da condenação eterna sem a necessidade de Cristo, do Evangelho, do Espírito Santo, da graça, da fé. Razão pela qual, com vistas à fé incomum, o presente Salmo exalta e rende graça a Deus, o SENHOR, por causa de Seu poder e Sua soberania, via Cristo, em toda terra. Por meio da Sua Palavra e viva Voz do Evangelho, Deus mesmo destrói as armas de guerra e frustra os planos dos inimigos que creem, ensinam e confessam que é possível se autorremir e autossalvar.
Deus Pai, mediante Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo, deve ser temido, amado e nEle se deve confiar acima de tudo, de todas as coisas, de todas as pessoas pois somente Ele remove a ira e condenação divinas. O único mediador entre nós e Deus é o verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a segunda Pessoa da Trindade: Jesus Cristo. Quem faz Seu nome conhecido e com que a Sua justiça prevaleça é Deus mesmo, como salmodia o salmista.
O Salmo 76, como consta na introdução, é um Salmo e cântico de Asafe. O estilo e o assunto indicam que é a mesma mão que escreveu o Salmo antecedente, por inspiração divina, em nosso favor e benefício. É admirável organização o fato de ambos terem sido colocados em justaposição. Pois no Salmo 75, a fé ‘cantou as vitórias de Deus em nosso favor que viriam, e neste, canta os triunfos já alcançados e alcançáveis via Palavra e fé. Este Salmo é um cântico de ‘guerra’ muito exultante, pois proclama o triunfo do Rei dos reis, em hino cristológico – que Deus mesmo, na carne, nos coloca em comunhão com Ele, que faz ouvir os Seus juízos. Ele deve ser temido, pois destrona os prepotentes e altivos ‘reis’ da terra, que, sem o Evangelho colocado em curso na sua vida e fé, se verificam cheios de demônios, razão pela abusam do poder e autoridade. E é no Evangelho de Cristo que se examina como justamente os maiorais do povo, que muito brilhavam na aparência, têm coração péssimo diante de Deus Pai, que não deixa ninguém crer e nem viver impunemente o que bem lhe apraz. Isto consola os humildes.

