Ao Bispo, uma doação

O pessoal anda indignado. Basta dar uma olhada nas “cartas do leitor” para perceber. A generosidade do nosso presidente com seus companheiros do Foro de São Paulo, travestidos de hermanos bolivarianos, tem passado dos limites. Não se trata de patriotada, nem de xenofobia. O caso é de priorizar os interesses nacionais. Nosso governo mostra-se mais atento aos interesses de outros povos do que ao seu, por acaso os brasileiros.

 

Lula já se sujeitara aos abusos de Hugo Chávez, do boliviano Morales, do casal argentino Kirchner e do equatoriano Correa. Tudo bem que goste de ser cortejado, que esteja deslumbrado com o poder, com aplausos e tapinhas nas costas. Preocupa é nossos vizinhos já terem percebido isso. A cada tapinha nas costas presidenciais, eles nos tomam um pouco de energia.

 

Energia é um bem estratégico e caro, fundamental não-somente para a economia – saúde, educação, transporte, comunicação, segurança, pesquisa, bem-estar, e qualquer outro setor que o prezado leitor queira levantar, dependem dela. Todos sabem disso, embora sua importância só seja sentida quando falta.

 

As pessoas da minha geração têm a exata noção de quanto custaram Itaipu e Petrobras. Não seria exagero afirmar que as carregamos nos ombros, convivendo com elevadíssimas taxas de inflação, com racionamentos e pagando pela gasolina mais cara do planeta. Elas são nossas filhas.

 

O atual governo trata Petrobras e Itaipu como propriedade sua. Parece até que nosso presidente não viveu aqui nos velhos e difíceis tempos. Faz-se de esquecido. Prefere usar o bordão “este país” quando se refere ao Brasil para, então, sentir-se liberado para fazer doações a fim de agradar companheiros estrangeiros – bispos ou não – que estejam em apuro. Depois, brinda gloriosamente e recebe calorosos (e falsos) aplausos e tapinhas.

 

A conta será paga pelas gerações futuras. Elas herdarão mais do que o prejuízo energético, assim entendido como fonte de progresso material. A perda maior estará no espectro intangível, aquele que, quando se abre mão, dificilmente se resgata. Como rasgar tratados está virando rotina, nossos netos perderão até a capacidade de se indignar, permanecendo cordeiramente calados, mesmo quando o Brasil vier a ser prejudicado pela violação de outros acordos.

 

Estamos perdendo energia física e moral. Para o nosso presidente, legal mesmo é sentir-se enturmado com os castelhanos e receber tapinhas nas costas. Ele acha mais legal ainda ver sua fotografia estampada nas primeiras páginas. Dessas vaidades aproveitou-se o bispo-garanhão. Era o que precisava. Será reeleito, às nossas custas.

 

() General da Reserva

 

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