Novamente a água que bebemos…

Cientistas e técnicos no assunto do tempo visualizam catástrofes para o nosso mundo e um final horrível para a humanidade. O homem tenta acelerar a destruição da natureza e esta se defende com golpes contra o que mais o ser humano presa, a família e a propriedade.

Imaginem estar dentro da área inundada, ou naquela área do tornado em Santa Catarina?

Sou natural de Rio Negro e naquela cidade que adotou o nome do rio vi muitas enchentes desde meus primeiros anos de vida. Estava com menos de um ano e meu pai já me levou, de barco ou bote, para passear na enchente. Cruzamos o rio e seguimos até a casa de minha avó, por um afluente, e estacionamos o bote nos fundos do terreno. Com o passar do tempo, descobri que essa enchente de 1947 teve tanta água que chegou bem próxima aos degraus da Igreja de Rio Negro.

Se por um lado, o transbordo do rio de sua caixa trazia desespero de imediato para os que viviam bem próximos, por outro lado fazia com que a economia ribeirinha de muitas cidades obtivesse prosperidade para essa população com auxilio governamental para que se refizesse.

Até meados do século passado, os rios com suas barcaças eram as estradas que ligavam nossa região e eram cuidados para evitar o assoreamento. Quanta madeira, erva, fumo e outras tantas mercadorias eram levadas de cidade para cidade através do rio. Inclusive a imigração européia que buscava seus lotes através do trem e dos barcos.

Penso o seguinte: essa história que a população está destruindo a natureza é verdadeira, mas não adianta dizer, mostrar, por que o homem tem o dom de buscar fortuna e se disser que ali no Rio Piripau alguém está encontrando ouro, amanhã cedo quantos garimpeiros lá estarão.

O empresário Saul Polatto, algum tempo atrás foi ver os garimpos do Mato Grosso e assistiu o que para ele foi uma epopéia: garimpeiros se matando por um pedaço de chão para garimpar, e a floresta toda degradada.

Nesses 60 e tantos anos de vida, não vi nada de positivo para resolver esses desencontros entre o homem e a natureza. Ao contrário, até o lixo a natureza devolve para sobrevivência humana. Estão aí os catadores de lixo visitando residência em busca de recicláveis para vender, ganhar dinheiro para matar a fome.

Nesses 60 e tantos anos de vida, não vi mais aquelas nascentes no meio do campo que formavam valetas e mais adiante pequenos riachos com lambaris do rabo vermelho, bagres, carpinhas e outros tantos, que iam desaguar no rio da Cascata, no Piripau, no Passo do Stinglin, nos Merdinha I e II.

Poucos dias atrás, soube pelo pessoal da Sanepar que a Lapa vai ganhar mais um poço artesiano para atender a cidade.

Nesses 60 e tantos anos de vida se tivéssemos a cultura do meio ambiente que temos agora, quanto ganharíamos em saúde utilizando todos esses riozinhos, quanto ganharíamos em nossos pinheirais cortando e plantando novamente. E se cada empresa aceitasse a devolução da embalagem de seu produto, deixando de ser lixo reciclável para embalagem reciclável.

Meu tempo está passando… o tempo de quem nasceu antes de mim também está passando… aí vem mais uma e daí vem a de meus filhos… e de meus netos… será que continuaremos pensando individualmente, sem fazer planejamento de longo prazo para uma vida futura?

Não sei… só sei que meu primeiro emprego na Lapa foi na CESBE, empresa que estava asfaltando a BR 476, de Lapa a Araucária. O projeto tinha vida futura de 10 anos, foi inaugurada em 1966, portanto o asfalto (com base e sub-base) tinha duração apenas até 1976. Durou mais que isso, muito mais.

Olhando as notícias dos catarinenses durante a semana, lembrei que na Lapa, na localidade de Água Azul, passou um tornado lá pelos idos de 1960, decepando imbuias e ervas, e lascando as copas dos velhos pinheiros. Deixou para trás o colchão do Monsenhor Osvaldo num velho pinheiro, após ter destelhado e revirado a Igreja de Água Azul.

Vamos deixar a coisa como está para ver como é que fica. Vai que um vereador, depois dessas chuvaradas que estão acontecendo, descobre um novo dilúvio em nosso interior, né?

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Para Pensar

A fé nunca pretendeu substituir a inteligência, porque a fé em Deus dá sentido e finalidade a vida.

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