Vencendo batalhas

Quais são e contra quem são as maiores batalhas que você trava em sua vida?

Você busca vencer alguém que está impedindo seu avanço na vida? Um concorrente que geralmente leva a melhor nos embates profissionais, emocionais ou pessoais com você? Derrubar algum desafeto, por quem tem alimentado certa mágoa?

Mas, seria mesmo contra esses a sua maior batalha? Acredito que não… A maior ainda é sobre nós mesmos. Como disse Platão: “Vencer a si próprio é a maior das vitórias”.

E, sabe… É preciso muito mais coragem para vencer a si mesmo, do que vencer aos outros.

Para vencer ao outro muitas vezes uma palavra basta para atingir um ponto de fragilidade e derrubá-lo. Ou, em outras situações, um silêncio pode deixar o outro sem ação e simplesmente entregar os pontos. Da mesma forma uma palavra certa, colocada no momento certo num ponto de fortaleza do outro pode elevá-lo,  erguê-lo, transformá-lo.

Mas vencer a si mesmo requer acreditar em seu diálogo interno, aceitar aquilo que pensa e agir de acordo. Assimilar o que muitas vezes pensa, imagina, mas não consegue praticar.

E quantos de nós, ao invés de cuidarmos dos nossos afazeres, de nossa profissão, de forma dedicada, procuramos vencer aos outros? Muitas vezes, vencer aos outros em busca do destaque,  do poder. Esquecemos assim, de cuidar de nós mesmos, dos nossos afazeres… Perdemos a batalha para nós mesmos!

Vencer os outros não chega a ser uma grande vitória. Vitorioso é aquele que consegue vencer a si mesmo, combatendo seus vícios e controla suas paixões.

Vencer ao outro quando ele erra é fácil. Basta chegar e apontar-lhe o dedo e dizer: “viu, você errou, você me prejudicou, te falei o que era certo”. Apenas para satisfazer o próprio ego com aquela sensação de superioridade.

A vitória sobre nós mesmos é muito mais difícil. Ela requer mais coragem, mais disciplina e mais decisão. Vencer  a si mesmo, as vontades erradas, as vaidades, os sentimentos sedutores,  porém errados, exige de si mesmo muita coragem.

Exige coragem, pois muitas vezes acreditamos que somos melhores que os outros em tudo. Quantos em nossa sociedade buscam os cargos de destaque e, quando não o possuem, criticam  os que estão no poder? Esquecem-se de que não são insubstituíveis.

Muitas vezes até tentamos vencer a nós mesmos. Mas é fácil desistir de si mesmo, quando temos o outro como alvo.

Vencer a si mesmo é engolir o maldito orgulho e dizer: “Eu também errei, para que esta situação viesse acontecer. Vamos juntos reconstruir algo que jamais deveria ter sido abalado. Nós só seremos maiores e mais fortes juntos, do que a soma de nossas individualidades”.

Para vencer a si mesmo é preciso olhar para dentro de si e, antes de querer vencer o mundo à sua volta ou ganhar qualquer discussão, lembrar-se do que Jesus disse: “que atire a primeira pedra quem nunca errou”.

Mas se você não conseguir na primeira vez,  tente de novo. O simples fato de tentar de novo já será sua primeira vitória.

Então diga a si mesmo: “Quero vencer a mim  mesmo, superar minhas dificuldades, aprender a me perdoar por querer ser mais e melhor que os outros, apenas porque meu ego quer assim”.

Tenha persistência em alcançar seus objetivos de tornar-se um ser melhor. Não para satisfazer a si mesmo. Mas pelo bem que pode proporcionar aos outros. E que assim se torne merecedor de todas as recompensas que o universo lhe enviar.

Vencer-se a si mesmo é entender que o crescimento humano tem um modo de ser todo próprio, adequado com a liberdade. Vencer a si próprio consiste em cultivar bons pensamentos sobre si e sobre os outros.

Todos somos seres em reconstrução e transformação.

É preciso que se vença a si mesmo no preconceito perante as diferenças do outro. Esquecemos de que ninguém é melhor do que ninguém… É preciso que se vença a si mesmo na sede de poder, na busca pelos “holofotes”. É preciso que se vença a si mesmo na responsabilidade profissional. Quantos deixam a desejar em seu trabalho porque o seu alvo está nos outros?

É utópico, mas seria ótimo se cada vez mais as pessoas buscassem vencer a si mesmas e deixassem um pouco de lado as batalhas com o próximo. Ou, então, deixassem de batalhar por coisas não tão importantes. De que vale o poder? Não seria melhor somar as qualidades de todos e não centralizar? Corre-se o risco de, centralizando, perder qualidade. O grupo que está há tempos no poder esquece-se de vencer a si mesmo.

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“Pai. Sei o que devo ser e ainda não sou… Mesmo assim, rendo graças a Deus, por poder estar trabalhando, dentro de mim mesmo, ainda que lentamente, para chegar um dia a ser o que devo ser.” (Francisco Candido Xavier)

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