Tal mãe, tal filha

Escrever sobre o dia das mães foi para mim uma viagem interior. Em alguns momentos vi a filha que fui e em outros a  mãe que sou hoje. Lembrei-me de que, quando era adolescente, dizia que jamais seria igual à minha mãe. Esta era a minha frase predileta e a de muitas adolescentes iguais a mim.

Tínhamos horror daquele jeito antigo que ela tinha de ser e continuávamos firmes em nossa convicção de que, quando nos tornássemos mães, seríamos totalmente diferentes das nossas.

O tempo passou e, de repente, nos vimos às  voltas com vestidos de noivas, com véus e grinaldas… Tudo igual ao que nossas mães fizeram um dia.

De filhas passamos a ser mães e, com a chegada do nosso primeiro filho, nossa primeira atitude foi a de recorrermos àquela senhora “quadrada”, “antiga”, “chantagista” e, graças  a Deus, nossa mãe! E assim, fomos obrigadas a admitir que em muitas coisas ela estava certa.

Dizem que ser mãe é doar-se sem esperar nada em troca. Puro engano! Nós mães esperamos, sim, um retorno por tudo  que fizemos pelos nossos filhos. Esperamos que eles nos amem também, que nos retornem os beijos e abraços que nunca cansamos de dar-lhes, que  retornem nosso investimento sendo independentes e responsáveis.

Acham que estou pedindo muito? Não. Na verdade isso é pouco tendo em vista as cobranças que caem sobre nossas costas de mães. E aproveito a oportunidade para alertar os filhos de que  nós, mães, não somos de ferro, nem inesgotáveis. Também precisamos de atenção, de carinho, de amor, de colo, de um “bom dia” mais afetuoso, de  um beijo inesperado. Também precisamos abastecer nosso reservatório afetivo!

Ter filhos é o ponto de reencontro com nossas mães, o recomeço. Enfim, a retomada do fio da meada que perdemos nos descaminhos da vida.

Ontem nossas mães se preocupavam conosco porque queríamos brincar nas ruas, hoje nos preocupamos com nossos filhos porque não saem do vídeo game. Ontem nossas mães se preocupavam com nossa reputação de boas moças, hoje temos que aceitar que nossas filhas não namoram, ficam! Ontem nossas mães se preocupavam com os cigarros, hoje tememos o envolvimento dos nossos filhos com a maconha, cocaína e o crack.

Antigamente, baseadas num modelo rígido de  educação, todas as mães seguiam a mesma cartilha. Atualmente, ficamos atônitas por tantas mudanças. Lidamos com situações novas a cada dia, sem termos um modelo a seguir e nem experiência nas quais possamos nos apoiar. Realmente ser mãe nunca foi fácil, mas parece que a cada dia que  se passa esta tarefa se torna cada vez mais difícil. Ao ver minha filha  adolescente dizer que jamais será igual a mim, aceito e deixo-a em sua ingenuidade acreditar nisso, pois só quando ela estiver com seu filho nos braços e o coração cheio de amor é que perceberá o quanto está enganada… E eu estarei pronta para acolher e ser a avó mais feliz do mundo..

Um feliz dia das mães a todas as mães! Força e coragem que Deus está conosco!

Mírian Ganzert é filha de Jussara Ganzert, e enviou o texto para o programa Caminhando e Evangelizando, da Rádio Legendária, em homenagem às mães e em especial à  sua mãe Jussara. Gentilmente, permitiu a publicação das palavras e da fotografia de sua mãe com os netos na Tribuna Regional.

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