Estudantes fazem levantamento sociológico em bairro da Lapa

Abordando os problemas da população, buscou-se repensar soluções para os moradores que estão em área de risco.

O projeto do Parque Linear na Lapa a princípio abrangerá somente o rio que corta a cidade na  região da Vila do Príncipe e arredores. No entanto, a intenção é também  de conseguir verbas para a implantação do projeto no rio que atinge o bairro da Cohapar.

Todo o desenrolar do projeto na Vila do Príncipe acabou gerando polêmica por conta do tema desapropriação. Mas, quando se trata do assunto dos rios aborda-se também saneamento básico, problemas sociais e econômicos. Talvez, ainda não exista a consciência da importância real de se avaliar a situação social nos locais de risco antes de se polemizar o assunto.

Alunos do 3º período do curso de Engenharia Civil da Facear realizaram um trabalho para a disciplina de Sociologia, escolhendo um local ou instituição para levantar os seus problemas e apontar soluções. No caso dos estudantes Carlos Felipe Dias, Everton Cardoso e Jefferson Bianchini, o local escolhido para o estudo foi o Conjunto Habitacional Cohapar I, na cidade  da Lapa. Local este que está nos planos de um próximo projeto de Parque  Linear no município.

Para desenvolver o trabalho, a equipe precisou levantar dados econômicos dos moradores, buscar saber o índice de criminalidade no local e conhecer a realidade do bairro. Segundo os dados levantados, para a grande parte dos moradores da região (3.789 pessoas), a renda mensal não ultrapassa 3 salários mínimos. E, destes, 2.687 tem renda menor ou igual a um salário  mínimo. Somente 575 pessoas ganham mais que três salários mínimos mensalmente.

Sobre a criminalidade e vandalismo, as pesquisas dos universitários apontou que 75% da comercialização das drogas do município se dá na região. No entanto, as taxas de criminalidade são baixas. Cerca de 28,9% da totalidade de crimes e assaltos acontece no bairro.

Segundo os estudantes, o  que mais os surpreendeu durante as pesquisas foi a falta de respeito com o patrimônio público. Anualmente são investidos recursos do município para tentar suprir algumas carências da região, mas passado algum tempo após a reforma ou construção o local já encontra-se totalmente destruído.

Um dos problemas apontados é a falta de infra-estrutura básica para os moradores.

Seria preciso, segundo eles, adequar as redes de esgoto, fornecer água tratada a todos os moradores, criar captações das águas das chuvas, e conscientizar a população da importância da preservação do meio ambiente e reciclagem do  lixo já que o destino final tanto do esgoto como do lixo, em sua maioria, acaba sendo o rio.

A consequência da falta de saneamento básico, conscientização e de coleta adequada do lixo é a degradação do meio ambiente e, também, do surgimento de problemas de saúde e psicológicos dos moradores.

Se o projeto do Parque Linear for implantado no rio que passa pelo bairro da Cohapar, vários problemas apontados pelos estudantes poderão ser minimizados. Não somente o problema de cheias, mas do esgoto, da água encanada, de um local mais digno para morar. Os resultados sociais positivos acabam sendo consequência.

Os universitários apontaram algumas soluções possíveis, que podem ser tomadas tanto pelo poder público como pela sociedade. Seriam palestras de conscientização, pois grande parte da população desconhece os riscos do esgoto a céu aberto, do lixo jogado no rio e de construir casas em locais inadequados. Poderiam ser feitos mutirões com mão de obra voluntária e com disponibilização de materiais ou do poder público ou de empresas engajadas. Desta forma poderia ser feita a limpeza e recuperação do parque e a pintura e jardinagem do Posto de Saúde local, por exemplo.

Ainda apontando soluções, os estudantes sugeriram criar cooperativas como forma de geração de renda e diminuição do desemprego. Além de oferecer cursos profissionalizantes, para dar oportunidades a jovens e adolescentes e procurar diminuir as taxas de criminalidade. Para o lazer, as opções seriam revitalizar as áreas existentes e construir novos pontos de lazer.

Para que a criminalidade  diminua e possa existir mais qualidade de vida em locais muitas vezes degradados, é necessário que a população ocupe o local com atividades produtivas, bem como o poder público e o policiamento façam a sua parte,  atuando constantemente no local.

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