Palavras ao amigo que partiu

Sabe Maninho,

Seriam, creio eu, cerca de 21 horas e alguns minutos de 11de junho quando eu fui atender o telefone. Era um dos nossos amigos que comovidamente me dizia: ’’Estou telefonando para te dar uma triste notícia. O nosso querido amigo Maninho faleceu no hospital há poucas horas”.

Foi para mim e para os meus um susto violento, porque nessa hora todos nós, seres humanos, somos possuídos por dois sentimentos como que antagônicos, que são: crença e dúvida. Crença porque aprendemos desde a tenra idade que a morte não existe, que apenas deixamos a matéria que nos foi concedida por Deus para cumprirmos as missões terrenas e que chegado o dia pré-estabelecido nos despimos dela para voltarmos a verdadeira vida. Dúvida talvez pela pouca fé ou pelo impacto que a palavra e a despedida nos causam.

Dirigi-me à Câmara Municipal, onde seu corpo estava sendo velado porque os atuais edis queriam prestar uma homenagem ao valoroso representante do povo que foi você nos idos de 1977 a 1983, quando chegou a exercer com maestria e dignidade a presidência daquela augusta Casa de Leis.

Ali, uma grande multidão  te reverenciava e procurava consolar seus queridos familiares, abraçando-os comovidos. Pessoas ilustres diziam palavras sábias e pronunciavam fervorosas orações a Deus em seu favor.

E eu, seu amigo de mais de meio século, seu ex-colega de trabalho, seu companheiro de lutas políticas repletas de idealismo em favor de Contenda, sem que nunca houvesse qualquer coisa para esmorecer o nosso mútuo afeto e entendimento, quis também dizer algumas palavras bonitas na presença de seu corpo inerte que ali repousava com a serenidade dos justos.

No entanto a emoção dominou o meu cérebro e as palavras não vieram e você naturalmente viu que eu quase chorei e por isso apenas implorei a Jesus que iluminasse a trajetória de seu espírito que partiu em busca das mansões celestes.

Mas tudo que eu queria dizer e que não pude com certeza você já sabia, porque ao longo de nosso  convívio aprendemos a nos entender mesmo sem o uso de palavras. Contudo, estou a escrever estas linhas como uma justificativa obscura, mas plenas de sinceridade, na esperança de que, de algum lugar do universo você possa lembrar deste amigo.

Saudosamente, o Hildemar. Contenda, 13 de junho de 2010.

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