Lei n° 4.771 na Mira!

Não é pelo fato de eu morar fora do Brasil, que não me preocupo com os acontecimentos atuais nos setores políticos, sociais, culturais e ecológicos daquele país.

O que me abalou muito nos últimos tempos, não foi o desempenho da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo da África do Sul. Até por que, eu não gosto de futebol e não tenho televisão (aqui, na Alemanha, possuir aparelho de TV é sinal de mais um imposto mensal!). Foi uma proposta de mudança na Lei n° 4.771: o Código Florestal.

Você que está investindo teu tempo em ler este jornal, mais especificamente, este texto, sabe do que se trata aquela proposta de mudança? Já leu algo em alguma revista ou outro jornal? Ouviu e/ou assistiu algo no rádio e na televisão (suponho que você tenha uma desta, já que aí no Brasil não há imposto para donos de aparelhos de TV)? Tem noção da dimensão do acontecimento?

Só para esclarecer a quem não saiba e, também, refrescar a memória de alguns: O Código Florestal é uma das leis ambientais mais importantes. Foi instituído no ano 1965 e constitui um dos principais instrumentos de proteção ambiental, o qual é considerado importantíssimo na conservação dos recursos florestais.

Algumas das propostas de mudança são:

1. Que nas pequenas propriedades com até quatro módulos rurais, não é preciso fazer a recomposição das áreas já desmatadas de sua reserva legal.

2. A pessoa que regularizar sua propriedade terá uma espécie de anistia das multas que sofreu por causa do desmatamento ou da não preservação da área de reserva legal.

3. Há a flexibilidade e a possibilidade de desmatamento de florestas que tenham autorização ou tenham licenciamento ambiental.

4. O tamanho da área de preservação permanente na margem dos rios deverá ser reduzido.

Você, de certo, deve estar pensando (se já não estiver falando) agora: “Ahhh…lá vem esta ecochata me encher o saco! O Brasil precisa se desenvolver e o mato só atrapalha mesmo!”

Minha resposta: “Quanta falta de informação e movimentação. É fácil falar (ou pensar) assim quando não se domina e não se interessa pelo assunto”.

Caros leitores: sem muita amolação, vou apenas contar uma historiazinha:

A Alemanha, um dos países mais potentes do mundo, teve uma ideia minúscula, como essa, há cerca de 300 anos. Ela acabou com tudo. Sabe o que é tudo? Tudo foi devastado. Tudo foi utilizado, para não dizer sugado, até chegar ao ponto de não haver produção agrícola e madereira que suportasse o consumo, pois além do esgotamento da matéria-prima o solo foi utilizado até o seu máximo. Desta forma, foi percebido que o que aconteceu, aconteceu errado. Para que haja progresso, tem que haver conservação, SIM!

Hoje, Alemanha é uma potência mundial, com muitas indústrias. Apesar disso, possui rios limpos, florestas a perder de vista e agricultura orgânica e regional.

Não permita o Brasil morrer. Não deixe o Brasil perder suas riquezas naturais para o favorecimento dos milionários donos de latifúndios. Dê uma chance para você. Dê uma chance para a tua família. Dê uma chance para o teu país. Manifeste-te contra o “novo” Código Florestal.

Ana Erika Lemes Dittrich

Eng. Florestal formada pela UFPR, Mestre em Protecao da Natureza e Ecologia Florestal pela Universiade de Göttingen – Alemanha. Reside atualmente em Düsseldorf – Alemanha. Mãe preocupada com o futuro do filho.

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