Com base na arrecadação de Imposto sobre a Transmissão de Bens Inter-vivos (ITBI), o economista lapeano Adriano Hammerschmidt fez uma análise sobre os números de 2006 a 2010 no município.
Segundo Adriano o ITBI reflete a tributação sobre atos de compra e venda imobiliária que ocorreram na jurisdição do município. “Essa é uma importante fonte de dados para saber como é que anda o mercado imobiliário. O que movimentou economicamente na Lapa nestes últimos anos”, diz.
Segundo o economista, “você tem o valor do imposto, divide pela alíquota de 2,5% e sabe qual é a base de cálculo. E a base de cálculo é a movimentação econômica. Ainda que de certa forma não tão precisa, porque há outras transações também, como por exemplo doações que tramitam pelo ITCBD, que é um imposto estadual.” No entanto, esta base de dados, ainda que tenha algumas alterações, é um importante indicativo para saber o que aconteceu no município na área econômica neste período.
É possível afirmar, portanto, que em 2006 o mercado imobiliário na Lapa movimentou em torno de R$ 18,2 milhões, um valor bastante significativo. Em 2007 subiu para cerca R$ 19 milhões. Em 2008, aumentou aproximadamente 70%, indo para valores próximos a R$ 32,5 milhões. Em 2009 recuou um pouco, chegando a R$ 22 milhões. E em 2010, verificando-se dados das demonstrações contábeis e fiscais publicadas na Tribuna Regional, percebe-se que até junho o ITBI já arrecadou cerca de R$ 342 mil, o que dá um indicativo de cerca de R$ 14 milhões de movimentação econômica no mercado imobiliário.
Para se ter uma base de comparação, o município da Lapa arrecada em torno de R$ 45 a R$ 50 milhões por ano. Então, segundo Adriano, pode-se chegar à conclusão de que o total de arrecadação de uma Prefeitura é parecido, R$ 15 milhões a menos, com a movimentação do mercado imobiliário na Lapa.
Causas
Como prováveis causas da valorização e aumento da arrecadação no mercado imobiliário, Adriano cita que “o que faz com que um determinado imóvel valorize, ou uma determinada região passe a ter uma maior importância no cenário econômico, são questões de ordem, por exemplo, de infra-estrutura. Ou então aqueles bairros onde estão presentes grandes quantidades de prestação de serviços, como transporte coletivo e órgãos públicos.” Um exemplo disso, segundo o economista, é a Rua Tenente Henrique dos Santos, mais conhecida como Rua do Detran, que acaba tendo uma circulação maior de pessoas e maior valorização imobiliária por conta do órgão. Um terceiro motivo seriam os investimentos públicos e privados. “Em termos urbanos, na Lapa, o que está acontecendo? Desde 2008, e principalmente em 2009, nós tivemos um anúncio desses investimentos na pavimentação de ruas. Na Vila Magalhães, por exemplo, em 2008 você encontrava terrenos por R$ 20 mil. Hoje eles valem a partir de R$ 50 mil”, exemplifica Adriano.
Outro fator que pode ter influenciado é de a principal indústria do município, a DaGranja, ter passado por duas fusões. A DaGranja, que passou a ser Marfrig e agora é Seara, anunciou que vai dobrar a sua produção na cidade. “Isso atrai novos funcionários, atrai novas pessoas interessadas em imóveis, tanto para adquirir quanto para alugar, e pode ter sido uma das razões do aquecimento do mercado imobiliário na Lapa”, afirma o economista.
Os reflexos imediatos na economia municipal podem ser vistos pelo ganho de capital, notados quando analisado o imposto de renda. “Se alguém comprou por 20 e vendeu por 50, houve ganho de capital”, diz Adriano, completando: “isso dá um indicativo para acreditarmos que há, sem dúvida alguma, uma injeção de recursos, em grande parte, que vêm de fora, que acabam aquecendo a economia do município.”
No aspecto da valorização econômica no interior, na zona rural, há pelo menos duas razões para existir mais injeção de recursos: as reflorestadoras, que acabam adquirindo mais áreas a cada ano; e o fato de o Brasil ser um dos últimos cinco países do mundo onde ainda existem grandes extensões territoriais agricultáveis, sendo que a Lapa tem um perfil para isso, é um dos municípios no Paraná mais importantes que ainda dispõe de extensões territoriais agricultáveis.
ITBI E MOVIMENTO ECONÔMICO (M.E.) DO EXERCICIO – EM R$
2006 |
2007 |
||
ITBI |
M.E. |
ITBI |
M.E. |
454.944,14 |
18.197.765,60 |
465.858,14 |
19.434.325,60 |
2008 |
2009 |
||
ITBAI |
M.E. |
ITBI |
M.E. |
813.822,80 |
32.552.912,00 |
634.029,47 |
25.361.178,80 |
Dados de 2010
2010 |
|
ITBI |
M.E. |
342.387,00 |
13.695.480,00 |