DE BIZARRICES E QUEJANDOS

Pensei  a fanfarronice que nestes últimos tempos  vem se alastrando pelo mundo, pudesse ter acompanhado os estertores do século vinte, e com ele perecido. Estava e estou redondamente enganado. Seguimos, em pleno terceiro milênio, vivenciando com plenitude, a era do bizarro. Acontecem coisas que até    Sérgio  Porto ( Stanislaw Ponte Preta),   famoso   autor     do “ FEBEAPA – Festival de Besteiras que assola o país”, se vivo estivesse, enriqueceria   sua obra,  reeditando – a , incrivelmente melhorada e acrescida de tomos sem fim.

Pois, desse vasto e  inacreditável  festival de besteiras que teima em assolar o país, e para não se pensar estarmos exagerando, recorremos – aleatoriamente e  à guisa de amostragem – a velhos jornais, tirando de lá, dentre centenas e centenas, apenas   dois  acontecidos. Um, se refere a empertigado cidadão  que, no prédio onde mora,  não permite  as pessoas declinem  seu nome que não seja precedido de “doutor”.O    cidadão    é   “ toridade ” e para provar tanto, em desfavor de quem não o tomou a sério, levou essa exigência às barras de pretório. A turma do edifício já sabe: não o titulando como deseja, corre o risco até de cadeia. É bizarro ou não?

Outro caso: Um pastor a quem o povo delegou poderes de vereança, lá no Rio Grande do Sul,  apresentou a seus pares um projeto de lei, proibindo se dê nome de pessoas aos nossos gatos, cachorros, papagaios e  bichos outros,   de estimação. É uma perda de tempo, um gastar inútil, uma papagaiada sem  rumo. O veto seria o caminho para tanta desfaçatez. Vingasse tal estrupício, temeria pelo estado psíquico e pelo estresse dos nossos  apreciados animais. Já pensaram ? – Portar um nome, anos a fio, e , de repente, por força de lei, se transmutar num anônimo, no meio da multidão ?  – É ou não é barbaridade ?

E, para arrematar, vamos trazer uma coisinha bem recente: nobre vereador da capital, está apresentando ou já apresentou projeto de lei para que os supermercados cobrem do   consumidor pelo saquinho que abriga as mercadorias. Justifica: “ é em nome da ecologia. O pessoal pagando vai usar menos a embalagem dos mercados”. Os resultados: a maioria, “legalmente castigada” irá pagar pelas sacolinhas que foram sempre gratuitas  e os supermercados irão agradecer penhoradamente; afinal, serão os únicos beneficiários de tal propositura. E, de mais a mais, as sacolinhas de quase todos os mercados – depois tão úteis para acomodar o lixo de cada dia – de há muito,  são biodegradáveis. Daí, a inocuidade, a perda de tempo e a bizarrice da proposta  de Sua Excelência. 

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