TRENÓS ENTRE NÓS

Extasiados quando de narrativas sobre o cantar das rodas dos carros de boi, de outros tempos, ou testemunhas do barulho característico de carroças que, pasmem, ainda transitam pelas nossas ruas e vielas, – nos apercebemos que a época de Natal, traz lembranças outras, infinitas, acrescendo, por exemplo, a esses enunciados e quase extintos meios de transporte, os também inusitados trenós. São veículos de uso nas geleiras, que, segundo a lenda, abandonam seus trilhos habituais, para, nas comemorações de Natal, rodar o mundo, abarrotados de presentes, puxados por renas velozes e ao mesmo tempo obedientes a seu condutor, o sempre amorável Papai Noel.

Carrego na idéia, de longa data, vontade incrível de escrever ao Papai Noel. Vou realizar esse almejo, de imediato, embora o receio duplo de que o destinatário já esteja galopando suas renas pelos caminhos do universo, ou que, moderninho, só receba e- mails . Difícil a carta onde o preâmbulo abandone a fórmula consagrada pelo povo. Minha mãe, quando me nomeava escrivão de suas missivas ditava exatamente o que todos faziam e ora faço, me dirigindo ao bom velhinho:- Querido Papai Noel, espero que estas poucas e mal traçadas linhas vão lhe encontrar gozando saúde e felicidade, enquanto a gente, por aqui segue bem, graças a Deus. Não há como ignorar que o senhor em suas andanças nos trenós da vida, apregoa, como João Batista, o significado mais envolvente do Natal, que é antes de tudo a celebração da chegada de Cristo , para ser o salvador de todos os povos. Reconheça – se, há um certo desvirtuamento no que concerne a essa motivação primeira. As propagandas de Natal, meu excelente velhinho, esquecem do menino sagrado, para realçarem em cartazes enormes, a sua figura simpática, alegre, de bonachão por natureza, etc. etc…. Mas, ao senhor não cabe culpa alguma. O seu ensinamento a quem queira aprender, está alicerçado no destaque ao nascimento de Jesus, e na homenagem ao primeiro “velhinho” da história, São Nicolau, que, em priscas eras, inaugurou a distribuição de presentes à criançada nas noites de Natal.

Não tenho calçados a depositar no peitoril das janelas, na esperança de, no dia seguinte, vê-los recheados de mimos. Não é que não os tenha. Os tempos mudaram, meu doce velhinho! Não é descartável, hoje em dia, a presença de um malandro, arrebatando nossos sapatos com ou sem presentes. E, isso tudo. em nome de uma violência que está, diuturnamente, invadindo nossas casas, desrespeitando nossas famílias, esboroando nossos teres , espalhando terror e fomentando incertezas sobre o advento de dias melhores. – Dias melhores, está aí o pedido a ser levado a Nosso Senhor.

Daí, meu excelente velhinho, reconhecendo-o lídimo representante do Jesus – Menino, queremos quando de sua presença na lapa de Belém, interceda por nós, da Lapa do Paraná, e por toda a humanidade, afim de que o cântico dos anjos na magnificente noite de Natal, volte a seu significado habitual, sagrado e ansiado por todos. Que ao ouvirmos:- “Glória a Deus nas alturas e paz na terra…”, – tenham estas palavras o condão de reavivamento, tornando a paz, uma realidade mais palpável, mais tangível, mais perto de nós. Amém!

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