TIRIRICA: “ TÔ COM SORTE!”

                                        Em  primeira  visita ao futuro  local de trabalho, Sua Excelência, o deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva,  o mais sufragado  das últimas eleições , indagado sobre a matéria que ali estava sendo decidida – o controverso aumento de salários dos deputados – foi telegráfico: “ Tô com sorte! ”

              Pois o homem, olhando – se um pouco  sua trajetória, não só está com baita sorte, como sempre esteve. Portava, desde pequeno,  um nome apropriadamente engraçado: Tiririca, um palhaço, como tantos outros, em andanças por teatrinhos mambembes, brasis afora. Sua figura histriônica, cumpria missão das mais árduas e difíceis. Não é fácil ser palhaço, não é fácil o fazer rir.

              É possível que  um  desses que o pessoal rotula de olheiro, tenha observado  a verve, o jeito e o trejeito do rapaz,  e o trazido para a cidade grande, para os  humorísticos da TV. Era a largada, não parou mais. Embora os programas do tipo,  não estejam lá essas coisas, o Tiririca anda por lá, alegrinho e prestigiado,  ora nesta ou naquela telinha.  O homenzinho do Ceará, da modesta Itapipoca, ficou famoso! Após o que,   obediente  a providencial    estalo,    se candidatou à deputação federal. Voz corrente era de que o comediante, com essa atitude, estaria apenas arquitetando um prolongamento de suas patacoadas, pois que seu dístico de campanha não trescalava outra coisa:   “ Vote no Tiririca, pior que está não fica.”

          Ele mesmo, com certeza, estava ciente de que esses arrojo e arroubo, não haveriam de prosperar: seria somente mais um chiste para a coleção  de suas piadinhas. Ledo engano: a coisa não só deu certo, como o transformou no campeão de votos do Brasil. Bem mais de um milhão de eleitores levaram e elevaram o antigo palhaço de cirquinhos interioranos a um dos postos mais relevantes no país.

          Diante dessa decisão de eleitorado tão grande, e passados os naturais  basbaques, houve quem lembrasse que o cidadão era analfabeto. TIRIRICA foi à luta, para dizer que não era. Instado pela Lei, textualmente tirou de letra. Fez um ditado e passou. Foi diplomado e prometeu que vai estudar com afinco a Constituição.  Disse também, em alto e bom som, quase como um recado: palhaçada aqui, não!  Só lá fora. 

            As razões que levaram milhares de pessoas às urnas em favor do senhor Tiririca , acredito deverão, oportunamente,  ser objeto de estudo sério e de reflexão profunda. Persistem mescladas a essa imensidão de votos, mensagens inúmeras ainda não decifradas.  Independente dos juízos que se possam formar, uma coisa, entretanto,  é inquestionável: se o deputado, estribado em  toda essa sorte, souber  escolher  um assessor sério, capaz e bem intencionado, é de se pressentir: será um parlamentar bem melhor que uns tantos e quantos que nós conhecemos, que todos conhecem. 

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