Grupo MALA grava cenas do curta “Amada Perpétua”

Filme conta a história de escravo lapeano que foi condenado à prisão perpétua

Desde criança, Betty Burda escutava de sua avó, a sobrevivente do Cerco da Lapa Elvira Porto Westphalen histórias sobre a cidade. Em uma delas, um escravo de nome Cândido foi acusado de um crime que não cometera e, condenado ao enforcamento, teve sua pena reduzida à prisão perpétua em Fernando de Noronha. Isso graças aos esforços de sua sinhá, que sabia quem era o verdadeiro assassino.

Nos anos oitenta, quando pesquisava os documentos antigos da Lapa, qual não foi sua surpresa ao encontrar o registro deste acontecimento! Diante disto, escreveu o conto  Amada Perpétua, que está servindo de base para o roteiro do Grupo MALA (Movimento Áudio Visual da Lapa) gravar seu curta-metragem. “Quando fizemos a leitura do texto, a equipe MALA foi unânime em aprovar o projeto”, diz Douglas Coelho, Diretor de Fotografia do curta.

Para Nádia Burda, Diretora da “Amada Perpétua”, “o curta é uma oportunidade de mostrar talentos lapeanos e reunir pessoas que gostam de cinema”. Ela se diz surpresa com  os resultados que podem obter uma equipe de cinema amador como o MALA, que já existe há quase dois anos e pretende mostrar o resultado deste trabalho no segundo semestre de 2011.

Já foram gravadas cenas na Casa de Câmara e Cadeia da Lapa e, no domingo, dia 23, na localidade de Capão Bonito.

O grupo se reuniu no início da  manhã no Theatro São João para seguir até a localidade onde havia paisagens propícias para o texto: cachoeira, córrego e campo em que não se destacassem as Araucárias – procurando imitar paisagens de campos africanos.

Além do talento artístico para  as gravações, o grupo também precisou apresentar certa dose de gosto pela aventura. Os equipamentos foram carregados a pé até os locais das tomadas de imagem. E, para completar, uma ótima confraternização, regada  a ótima companhia, galinha com farofa e refrigerante.

AS CENAS

Na localidade de Capão Bonito foram gravadas cenas de paisagens, dos africanos em harmonia, com destaque para Cândido, sem falas.

Também se gravaram cenas dos caçadores à espreita e em tocaia, quando os africanos foram cercados e Cândido luta.

Cândido é pego e acaba sendo amarrado porque se debate muito. Em outra cena aparecem os caçadores em volta de uma fogueira comendo galinha com farofa, enquanto os africanos estão amarrados. Um dos caçadores bate em uma africada e é repreendido pelo companheiro, que diz que não é para estragar a mercadoria.

O CURTA

A história de “Amada Perpétua”  conta a vida de Cândido na África, até ser surpreendido por caçadores e  se tornar escravo no Brasil. Um dia ele é acusado de um crime que não cometeu e condenado ao enforcamento no antigo Largo do Pelourinho da Lapa. Sua sinhá consegue que sua pena seja comutada à perpétua e, quando  a escrava Inácia o visita na antiga Casa de Câmara e Cadeia para lhe dar esta notícia, Cândido se confunde e acaba pensando que Perpétua é o nome de alguma dona que ele já namorou. Afinal, acreditamos nos fatos, ou acreditamos naquilo em que queremos acreditar? Não perca em breve a estréia de Amada Perpétua, produção do Grupo MALA da Lapa.

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