Mas, de que família mesmo você é?

Se você é lapeano, ou ao menos viveu por algum tempo nesta cidade, já deve ter ouvido muito esta pergunta. Mas, o que tem isso de tão importante assim?

Bem, caro leitor, em minha visão, essa simples pergunta demonstra muito de nossa cultura, uma cultura enraizada que acredito ser meio “coronelista” (se é que esse termo existe!).

Sou lapeana, nascida nesta cidade, mas meus pais não são originários daqui. Cresci vendo pessoas fazerem esta pergunta e, muitas vezes, torcendo o nariz se a resposta não continha um sobrenome tradicional ou conhecido na região.

Tudo bem… Nada contra a concepção de quem fez a pergunta e torceu o nariz com a resposta. Mas, quero mostrar que, infelizmente, muitas vezes algumas famílias ainda hoje estão “sentadas” sobre instituições e são os únicos responsáveis pela tomada de decisões destes locais. Até aí, nenhum problema. O problema surge quando (e infelizmente isso é muito comum) esta tomada de decisões beneficia somente os seus, amigos ou familiares.

Esses grupos, que não se resumem aos meios políticos, esquecem que estão dando um tiro no próprio pé. A cidade deixa de se desenvolver por interesses de um grupo específico, que só pensa em seu próprio conforto. Crêem que, por estarem no comando, são os proprietários da instituição. Como aquela história da criança dona da bola, entende?

Por isso, precisamos com urgência de mudanças. O que seria da Lapa se as instituições começassem a pensar na Lapa, nos lapeanos, procurando promover mais eventos, mais ações que trouxessem conhecimento aos moradores? A Lapa é capital brasileira da cultura em 2011, mas não podemos nos restringir a pensar somente em cinema, teatro, turismo. A cidade cresce também com a instigação de novas idéias, novos projetos. A cidade cresce quando há pensamento empreendedor e Associação Comercial, Sindicatos, instituições de ensino, maçonaria e demais órgãos e empresas, se unem e auxiliam os empreendedores. O que tem sido feito de realmente concreto a respeito? Qual é a parceria que existe, concretamente, entre as instituições para promover o conhecimento no município?

Precisamos de mudanças. E não é somente no pensamento dos líderes quanto a promover ações para toda a sociedade. Trata-se de mudanças na cultura do povo também, que deve se envolver mais, participar mais ativamente. Agora lanço a pergunta à população: onde estão os centro acadêmicos, onde estão os grêmios estudantis para cobrarem mais participação das instituições de ensino? Onde estão os associados da ACIAL, onde estão os associados dos Sindicatos e os membros da maçonaria para se unirem e cobrarem ações efetivas do poder público? Onde está o real envolvimento das empresas com a comunidade? Onde estão os trabalhadores para cobrar das empresas e entidades mais ação?

Não quero generalizar. Sei que existem empresas, pessoas e instituições que se envolvem e buscam promover a Lapa. Mas, o fato é que, em sua grande maioria, a população parece sofrer de uma inércia de nascença…

Se você não mudar nada muda, já profetizou alguém um dia.

Já dizia Heráclito que a mudança é a única certeza que nós temos. Isso ele falou no século seis antes de Cristo!

Mas, porque a Lapa parece não querer mudar? Talvez porque as mudanças sempre nos assustam e nos amedrontam. Para muitas pessoas o simples fato de mencionarmos a palavra mudança já é motivo para lhes acelerar o coração, provocar suor nas mãos…

Isto ocorre porque de uma forma até errada, todos nós somos educados desde cedo a evitar as mudanças, ficando numa “zona de conforto”, onde nos sentimos protegidos.

Somos levados a esse comportamento de evitar o novo, basicamente porque muitas vezes temos medo de falhar, medo de se expor ao ridículo, medo da desaprovação dos outros e, principalmente, medo de perdermos o controle sobre o nosso “feudo”.

Por isso corremos o risco de permanecer sempre na mesma situação, optando sempre pelo conhecido ao invés de descobrir novos horizontes, novos caminhos, adquirir novas experiências. Correndo um perigoso risco da acomodação. Correndo o risco de agirmos como um dinossauro. Ou seja, não reagir e não se adaptar. Apesar da sua força, os dinossauros desapareceram da face do planeta porque simplesmente não tiveram competência de adaptar-se ás mudanças do seu tempo.

Outro comportamento é agir como avestruz, aquela ave desengonçada, que em situações de perigo, simplesmente mete a cabeça num buraco, ignora as mudanças e o perigo.

Ao aceitarmos encarar as mudanças, nos desenvolvemos, crescemos, aprendemos e evoluímos. A Lapa precisa encarar as mudanças de frente. Seus líderes precisam deixar de pensar somente em seu benefício próprio e seus moradores devem deixar a acomodação de lado, participar e principalmente cobrar.

-o-o-

“Nada mais permanente que a mudança.”

(Heráclito, Século VI a.C.)

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