Violência na escola?

A escola tem sido palco constante de casos de violência, apresentada de várias formas, refletindo muito o que se presencia na sociedade e que é veiculada pelos meios de comunicação de massa como televisão, rádio, jornais e revistas.

Há a violência verbal, com chingamentos, ofensas e uso de palavras de baixo calão de alunos para com professores, alunos para alunos, alunos para funcionários e algumas vezes de professor para aluno. Há também, a violência psicológica caracterizada por constante pressão, intimidamento, chantagem emocional, desdém, cinismo, preconceitos, entre outros, partindo de todos os envolvidos no processo. A violência física tem se apresentado em menor escala, geralmente acontecendo entre alunos, ao tentarem resolver suas pendências pela força.

Alunos são pressionados a ficarem na escola pelos pais, pela escola, pela justiça, pela sociedade em geral, sendo que muitas vezes estes não têm vontade alguma de estudar. Muitos deles, que felizmente não são maioria, não reconhecem na escola sua verdadeira função.

Sentindo a escola como obrigação, o aluno tende a rebelar-se, burlando regras, fugindo, escondendo-se, esquivando-se de compromissos. Quando interpelado reage com gritos, desdém, descaso, indiferença, pouco caso, prejudicando e muito a relação professor- aluno e aluno-escola.

Os pais mandam os filhos para a escola buscando oferecer futuro melhor ou até mesmo por obrigação, muitas vezes depositando na escola toda a responsabilidade da educação, encarando a escola como tábua de salvação para o controle do filho, sobre o qual não têm domínio.

Muitos esquecem que seu filho, que assim como causa dissabores aos pais, em casa, faz também isto na escola, mas, que neste ambiente convivem outros tantos alunos com problemas parecidos ou até piores e que o professor é um só para atender a todos. Durante as horas em que o aluno está na escola, espera-se que o professor atenda-o de forma global, ajudando-o a enfrentar uma infinidade de problemas. Isto, sem falar do ensino, da preparação das aulas, da correção e aplicação de atividades e provas, do inesgotável equilíbrio emocional que ele deve apresentar para desempenhar bem sua função e atender com esmero as várias turmas pelas quais passa a cada dia.

Professores, alguns despreparados e sem experiência, com superlotação de alunos nas salas, não sabem como lidar com tanta diversidade de emoções que afloram diariamente nas salas de aula. O conteúdo propriamente dito fica relegado a segundo plano, sendo sempre deixado de lado para que se resolvam intrigas familiares, desentendimentos entre alunos, dispersão, conversas paralelas, deixando-os impotentes em determinadas situações, levando-os ao desgaste emocional.

Este embate prejudica alunos, professores e escola como um todo. Alunos com disposição, perseverança e empenho para estudar são deixados de lado em detrimento de alunos “problemáticos” que necessitam de permanente vigilância e atenção. O descaso de uns faz com que o empenho de outros seja considerado desnecessário, sem contar que alunos equilibrados, resolvidos emocionalmente, são expostos constantemente a situações desfavoráveis e sentem-se acuados e incapazes de lidar com a situação. A agressividade presente nos gestos, na fala, nas ações estão tomando o lugar de atitudes de aceitação, compreensão e bom convívio e civilidade.

É urgente a retomada da verdadeira função da escola, da importância do professor e do respeito à moral e aos bons costumes, da participação dos pais no processo de educação dos filhos . Somente colocar e manter crianças e adolescentes dentro da escola não é garantia de sucesso individual ou coletivo e muito menos solução para todos os problemas da sociedade.

Claudia Santos Wiedmer é Professora de Educação Especial no CEEBJA “Paulo Leminski”, na Lapa.

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