AS ESCOLAS DO BRASIL SÃO RUINS

Num dia qualquer bati um papo com um educador comprometido com a causa. Atualmente ele está aposentado do que foi seu mister no serviço público e voltou para sua cidade natal, da qual é Secretário de Educação.

A conversa desembocou no tema – A Educação no Brasil. Um assunto que muito me interessa: porque sou filha de pai e mãe professores e, apesar de não ter galgado ensinar, meus dois irmãos também são mestres engajadíssimos no Ensino Superior do país.

Meu interlocutor falou que a Educação no Brasil, de fato, é ruim e, com seu conhecimento de causa, atribui a mazela ao pouco tempo de existência do Brasil. Na visão dele, apesar do país ter sido descoberto em 1.500, aproximadamente uns trezentos anos foram despendidos apenas para explorá-lo. A sede dos colonizadores era por braços fortes que trabalhassem a terra e dela retirassem os minérios, madeira e outras riquezas. Naquela época, um povo esclarecido e culto não fazia parte dos interesses da Coroa.

A educação por aqui é incipiente e, segundo o seu olhar, tem tudo para se desenvolver e melhorar nas próximas décadas.

Basta abrirmos o jornal, para nos defrontarmos com o “Momento Brasil”. A nação se destaca dentre os países da América Latina e, por que não dizer, do mundo. Alcançamos índices favoráveis em diversos setores: balança comercial, PIB, reconhecimento internacional, agronegócio. Vendemos esplendorosas comodities para a China e arrecadamos como nunca. Repararam nisso?

Logo, despontam oportunidades, ensejando pessoas capacitadas. Li uma matéria curiosa relatando que trabalhadores da construção civil de países vizinhos da América do Sul se aventuravam a viver e trabalhar no Brasil. É desalentador saber que há colocações no mercado de trabalho, mas o nosso povo brasileiro não está capacitado. Muitas vezes, são analfabetos funcionais. Nesse contexto, emerge a questão da Educação ineficaz do Brasil.

Outro aspecto fundamental de uma educação de qualidade reside no fato de que um povo instruído melhora sua condição como ser humano: terá mais capacidade de usufruir; aumentará suas expectativas; seu poder de acesso e de discussão. Bem como, terá capacidade de fazer valer direitos que lhe são garantidos por lei ou, porque não, batalhar pela criação de novas normas.

Sempre valorizei e defendo, nas conversas casuais os programas de sociais do país. Mas não bastam! Alimentação adequada é apenas o começo. A melhoria e valorização da educação, dos professores, da cultura de modo geral pelo Estado e pelos veículos de comunicação ensejam novas reflexões e iniciativas. Trata-se de uma questão de ideologia (ciência de formação das ideias). A criança e o adolescente devem achar “legal” estudar. Para isso, o Estado, a família, a comunidade, a televisão aberta e a fechada, bem como a internet devem servir de transmissores deste novo lema: “O estudo é bacana, legal, recompensador e traz bons frutos”. De que forma? A meta é ampla. Começando pelos programas televisivos, eles formam opiniões e devem contribuir para esse novo paradigma. Mostrar que não apenas “as modelos” e os “jogadores de futebol” são vencedores. Porque a porcentagem dos que alcançarão este patamar é insignificante – é quase como ganhar na loteria.

Cabe lembrar, um desabafo de um amigo meu: ele tem uma filha adolescente que estuda nessas escolas que custam quase um “barão” por mês, passa longas horas na net e assiste TV. Às vésperas das eleições presidenciais, ela perguntou ao meu colega: “Pai, quem é Dilma?”

Entendo que nós telespectadores deveríamos questionar, se está certo que a novela, que atrai milhões de crianças e adolescentes nos finais de tarde, mostre o menino estudioso como um “nerd” que usa óculos e não é atrativo para as meninas.

Chega desta ideologia de que estudar é maçante!

Coloco ainda, que tenho amigas que gosto muito, as quais não se recusam ir a um barzinho – aliás, aprecio muito bares e conversas jogadas foras em meio a risadas – , no entanto, elas fogem quando faço um convite cultural. Sabe por quê? Não há o hábito. E, como canta Caetano Veloso: “Aos olhos assusta o que não é ainda velho.”

Governantes, não tenham receio de um povo esclarecido. O país cresceu, não necessitamos apenas de braços fortes, mas de cabeças pensantes. Façam o trabalho de vocês, que serão reeleitos, porque a democracia pede representantes. O país tomou carona nessa onda boa do crescimento e está com novas oportunidades. Mas para dar certo precisa de investimento em educação. Senão emperra.

Índices da Educação no Brasil:

A NOTA MÉDIAS NACIONAL DAS ESCOLAS BRASILEIRAS É VERMELHA:

4,6 no ensino fundamental 1 (1º ao 5º ano) e 4,0 no ensino fundamental (6º ao 9º ano).

Os dados são do Ideb, índice de 0 a 10, que mede a qualidade de ensino do Brasil.

A nota que precisamos ter? Seis, no mínimo.

12,6% dos alunos repetem a primeira série do Fundamental – esse é um dos índices mais altos do mundo! (dados do Inep).

Um em cada quatro alunos da 8ª série do Ensino Fundamental está acima da idade adequada (dados do Inep 2009).

Se a matemática brasileira fosse um time de futebol estaria na zona de rebaixamento.

Numa lista de 65 países, estamos na 57ª posição (dados do Pisa 2009).

Leitura e ciência também estão na lanterna. Estamos na 53ª posição da lista de 65 países (dados do Pisa 2009).

Quase metade dos jovens brasileiros de 19 anos (49,8%) não conseguiram concluir o Ensino Médio (Pnad/IBGE 2009).

Lute pela Educação do Brasil!

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