Me conte: quais tabus os lapeanos já quebraram?

“Você pode medir um líder pelo tamanho dos desafios que ele assume. Ele sempre procura algo do próprio tamanho.” (John C. Maxwell)

Era final do final de semana. Aquele momento deprimente em que você se vê à frente da televisão assistindo Dança dos Famosos no Faustão e acompanha as últimas manchetes do Fantástico. “Mais do mesmo”, parafraseando Legião Urbana.

Mas, no último domingo, uma reportagem chamou minha atenção e me fez aguardar o Fantástico começar, sem procurar coisas melhores a fazer. A chamada, no intervalo do Faustão, anunciava a entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O tema: descriminalização das drogas. Assunto polêmico, mas de grande importância em ser debatido. Chamou minha atenção, também, o fato de um ex-presidente se envolver na discussão de tal assunto, que pode trazer dissabores com a opinião pública. Mas, vendo por esse prisma, nada de novo quando se fala em Fernando Henrique Cardoso.

Assisti a entrevista e, depois, fui pesquisar o documentário que tem FHC como protagonista. “Quebrando o Tabu” estréia no início de junho nas telonas e fala sobre a guerra às drogas, uma guerra perdida há muito tempo.

O filme tem como principal objetivo a abertura de um debate sério e bem informado sobre o complexo problema das drogas no Brasil e no mundo. O filme pretende aproximar diversos públicos, entre eles os jovens, os pais, os professores, os médicos e a sociedade como um todo, para que se inicie uma conversa franca que leve a diminuição do preconceito, ajude na prevenção ao uso de drogas e que dissemine informações com base científica sobre o tema. FHC aceitou o convite do diretor Fernando Grostein Andrade para uma jornada em busca de experiências exitosas em vários lugares do mundo, sempre em diálogo com jovens locais e profissionais que se dedicam a tratar a questão das drogas de forma mais humana e eficaz do que as propostas na “guerra às drogas”, declarada pelos EUA há 40 anos. O documentário levou dois anos para ser produzido.

Um assunto que é mais do que urgente de ser debatido. Que afeta toda a sociedade e não somente o vizinho, como pensam alguns lapeanos moralistas que, desculpem-me, mas sabem mesmo é apontar o dedo. Mas, agir que é bom… São um fracasso!

Só para esclarecer que, mesmo que em sua “família modelo” não haja integrantes viciados, o assunto tem tudo a ver com o seu dia-a-dia. Sabe-se que a América Latina continua sendo o maior exportador mundial de cocaína e maconha, e está se tornando rapidamente um provedor relevante de ópio e heroína. E hoje, consequentemente, estamos mais distantes que nunca do objetivo de erradicar as drogas.

A violência e corrupção associadas ao tráfico de drogas e a políticas ineficazes de combate estão corroendo a cultura cívica e as instituições democráticas.

E o fato de um político estar envolvido nas discussões me chamou a atenção para a região. O que faz com que Fernando Henrique, não sendo mais presidente em exercício, se motive a se envolver em questões sociais? Ele poderia “lavar as suas mãos” e cuidar de sua vida, no alto de seus 80 anos de idade.

Mas, não é isso que se vê. Sem levar em consideração possíveis interesses políticos por parte de FHC, creio eu que fica o ótimo exemplo para os líderes municipais. Onde estão os nossos líderes de outras gestões, aqueles que não se reelegeram? O que têm feito de relevante para solucionar questões sociais na comunidade local?

Fernando Henrique deu o exemplo de que, mesmo não sendo mais presidente em exercício, é preciso estar comprometido com a sociedade. Líder uma vez, deverá desenvolver sua liderança sempre.

Em 2012 teremos eleições municipais. Muitos líderes, em exercício ou não, tentarão uma vaga nos Poderes Executivo ou Legislativo. Observe, questione. O que esses nomes, que virão com discursos bem elaborados, trarão de concreto para solucionar os problemas locais? Com que lucidez, realismo e comprometimento falam à você?

-o-o-

“Liderança é ação, e não posição”. (Donald McGannon)

Please follow and like us: