“O Conselho Tutelar tem que fazer a diferença na sociedade”

Entre 1999 e 2005 a Lapa teve uma Conselheira que fez a diferença na realidade social do município: um exemplo para as eleitas no dia 21 de junho

Nesta semana aconteceram as eleições para os cinco novos conselheiros tutelares da Lapa. Aproximadamente 900 pessoas participaram, votando em uma das onze candidatas.

Os lapeanos que exerceram a sua cidadania no momento da votação sabem da importância do Conselho Tutelar para comunidade, a relevância do trabalhado desempenhado pelas Conselheiras Tutelares, desenvolvido na Lapa há 15 anos.

O Conselho Tutelar foi fundado na Lapa em 27 de junho de 1996 e, neste momento, é mais do que justo atender pedido de leitores e fazer uma justa homenagem a uma pessoa que se dedicou ao cargo entre 1999 e 2005 e que, ainda hoje, é lembrada com carinho pela comunidade.

Celina do Carmo da Silva foi Conselheira Tutelar na Lapa durante seis anos e, em 2006, quando precisou deixar o município, moradores da cidade fizeram um abaixo assinado pedindo sua permanência no cargo. Ao todo foram 1.500 assinaturas da população reivindicando a continuação de seu trabalho. Há cinco anos Celina mora em Araucária, onde atualmente exerce cargo de funcionária pública.

MOTIVAÇÃO

Questionada sobre o que a motivou a ser Conselheira, Celina contou que, por sempre admirar muito crianças e por ser mãe de três filhos, percebia que a juventude lapeana estava abandonada. “Era preciso olhar melhor as crianças do nosso município, dar mais atenção”, diz ela, que decidiu fazer algo mais e então se candidatou ao cargo em 1999.

DIFICULDADES

Para Celina, a maior dificuldade enfrentada por uma Conselheira Tutelar na Lapa é a falta de apoio por parte da Prefeitura. “O Poder Executivo tem obrigação de arcar com custos do prédio, de veículo, de linha telefônica e salários dos funcionários do Conselho Tutelar. E, por muitas vezes, a Prefeitura não deu o apoio necessário”, relata. No entanto, mesmo com as dificuldades encontradas, Celina não deixou de cumprir com o seu papel social de Conselheira.

SOCIEDADE x CONSELHO TUTELAR

O Conselho Tutelar tem sua responsabilidade em relação à proteção das crianças e adolescentes. Mas, a sociedade não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.

Perguntada sobre a relação sociedade x Conselho, Celina diz que o órgão sempre trabalhou em conjunto com a sociedade. “A relação com pais, educadores, escolas, Promotoria e Juiz sempre foi a melhor, dentro do possível”, conta. Celina também contou que, em sua época de Conselheira, a Policia Militar e Civil foram grandes parceiras do Conselho Tutelar, se tornando os “braços” da instituição.

NA MEMÓRIA

Seis anos de trabalho junto à comunidade. Seis anos trabalhando com as mazelas das crianças, adolescentes e, consequentemente, suas famílias. Neste período viu muitos casos tristes, marcantes.

Celina conta que um ficou na memória. Uma família de três filhas e um pai. A mãe havia falecido meses antes. O pai tinha um sério problema com o alcoolismo. O Conselho Tutelar recebeu denúncias de abuso por parte do pai contra as filhas.

Então o Conselho entrou em ação e, por ordem judicial, as crianças foram afastadas do pai, ficando sob ordem judicial na Casa de Passagem na Lapa. O pai foi encaminhado a uma clínica de reabilitação e, após um ano de tratamento, voltou para casa e teve a guarda de suas filhas novamente.

ÀS CONSELHEIRAS

“O conselheiro, acima de tudo, tem que se colocar no lugar da vítima, entender as crianças, ter em sua mente que a infância é um só. Estender a mão a uma criança é diminuir a violência nas ruas, diminuir a invasão das drogas na família. O Conselho Tutelar tem que fazer a diferença na sociedade”, diz Celina em mensagem às Conselheiras, titulares e suplentes do cargo.

E, completa, com frase enviada à redação da Tribuna, juntamente com a fotografia para ilustrar a matéria: “a lembrança da infância é o único sonho real que nos resta na fase madura da vida. Os demais são mera utopia”.

Que as Conselheiras Tutelares, juntamente com a sociedade – pais, educadores, escolas, Poder Judiciário e Polícia -, façam, cada dia mais, a diferença na realidade da infância, juventude e famílias do município.

Foto: “É gratificante saber que, mesmo depois de tanto tempo, o meu trabalho ainda é reconhecido”, diz Celina.

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