A queda

Muitos dependentes químicos querem parar de usar drogas. Talvez a grande maioria. São promessas a outros e a si mesmos, são consultas a psicólogos e internações em hospitais para desintoxicação, também internações em comunidades terapêuticas onde ficam meses internados para tentar vencer essa compulsão por substâncias químicas.

È uma rotina desgastante que leva anos de idas e vindas. Envolvidos estão a família, os órgãos públicos, a justiça, a saúde pública e entidades da iniciativa privada. São diversos tratamentos de muitos tipos diferentes para tentar obter algum sucesso. O sofrimento se impõe a cada tentativa. As quedas são duras e provadoras. Quando o dependente químico inicia um novo tratamento, a família recobra o ânimo e cria uma expectativa quanto á sua recuperação e saída do mundo das drogas.

Temos acompanhado estes casos todos os dias e, muitas, muitas vezes choramos juntos com a família o desespero de ver que todo o esforço depreendido não surtiu o efeito desejado. Parece uma persistente teimosia em continuar usando uma substância química que está matando lentamente o seu usuário. É estranho acompanhar as pessoas se matando. Não há quem consiga explicar tamanho desinteresse por si mesmo.

A queda é o momento da dor, o momento do desespero, o momento da raiva e da vontade de sumir para longe de tudo e de todos. Gritamos: chega de vexames, de humilhações, de passar vergonha por causa de um na família que não quer nada com nada e só faz é estragar a felicidade dos outros. É o desespero tomando conta de todos que vivem ao redor de quem usa drogas. A queda não é sozinha, quando um cai todos caem. Todos afundam no mesmo poço sem fim das drogas psicotrópicas.

Trabalhamos com um índice muito grande de recaídas. A maioria recai. O buraco é muito fundo e parece não ter fim. São recursos financeiros consumidos, noites mal dormidas irrecuperáveis, a interminável função de sempre tentar outra vez. Ouvi de uma mãe dia desses: “ Queria que meu filho morresse, porque aí eu ia parar de me incomodar e voltaria e viver novamente”. O filho dela tem vinte anos de idade.

Eles escondem a droga, buscam a droga, usam a droga, sentem os efeitos da droga, morrem pela droga. A vida deles é uma droga. São vegetais humanos sem sentimentos e consumidos apenas por um único desejo. Você dá todas as oportunidades possíveis: emprego, moradia, amor, afeto e compreensão e só recebe de volta amargura e tristeza.

Por isto, aqui no Cerene, quando oferecemos uma solução para esta queda, oferecemos Jesus. A solução completa para uma vida toda. Aqueles que conseguem assumir esta nova vida, passam a fazer parte de um grupo de pessoas que, em meio a tudo isto, consegue se erguer, sair do buraco e lutar por uma vida que valha verdadeiramente a pena ser vivida. Sem Jesus não há esperança de verdade.

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