Colocando os pingos nos “is” nesta eleição

Nesta semana recebemos uma carta do leitor Martinho Meira criticando várias questões do município, assim como o posicionamento de políticos e candidatos nestas eleições municipais. A crítica de Martinho também se estende à falta de propostas concretas, na visão dele, por parte dos candidatos.

Aproveitando o ensejo, já que o professor Martinho citou problemas como o Parque do Monge, o Parque Linear, o Hospital São Sebastião e o Cine Teatro Imperial, trago aqui minha opinião, como eleitora e cidadã lapeana. E, deixando bastante claro, para que não queiram debandar com minha opinião para lado político partidário, esta é minha opinião pensando em uma Lapa (ou Brasil) que poderíamos ter se os nossos representantes fossem realmente comprometidos com o que é público. E a opinião, agradando ou não, está protegida pela liberdade de expressão. Afinal, estamos em uma democracia, não é mesmo?

Então, antes de mais nada, é preciso determinar cada situação para o seu devido responsável. Analise comigo, leitor. Parque do Monge: responsabilidade do Governo do Estado. Parque Linear, no âmbito citado por Martinho (questão do esgoto possivelmente jogado no córrego): responsabilidade da Sanepar. Hospital São Sebastião ter deixado de atender clínica médica, pediatria e seu problema do esgoto: responsabilidade do Estado, através do grupo determinado pelo governador para administrar o hospital, e da Sanepar, que teria que realizar a ligação de esgoto. Cine Teatro Imperial: o seu fechamento, até onde se sabe, ocorreu por conta de um equipamento ter estragado, dependendo do Governo do Estado para ser feita a manutenção.

Vendo desta forma, até parece que os políticos do município não têm responsabilidade alguma com estes casos, simplesmente por se tratar de competência do Estado. Ledo engano. A situação do Parque do Monge poderia ser diferente se, ao invés de somente serem realizadas manifestações (que servem muito bem para o marketing), representantes do município tivessem se unido e, de forma concreta, buscado seus aliados políticos para pressionar o andamento das obras. Não parece estranho que em época de eleições as alianças se tornem tão simples de acontecer? Todo candidato procura tirar uma fotografia com este ou aquele deputado, este ou aquele ministro, e por aí vai. Mas, fora desta época, onde estão os contatos e as influências?

Parque Linear: a crítica aqui é quanto à questão do impacto ambiental, a questão da qualidade da água do córrego. Na época em que o parque ainda era um projeto, lembro que a informação era de que a Prefeitura realizaria as obras, mas a Sanepar ficaria responsável por regularizar a questão do esgoto na região do parque. Será que isso foi feito? Se não foi (frise-se), mais uma vez se percebe a omissão do Estado, por meio da empresa, na questão de saúde pública e meio ambiente. Da mesma forma, logo ali em frente ao Parque Linear, no principal trevo de acesso ao município, as tão esperadas obras para acabar com o mau cheiro: há anos a população espera por isso. O que a Sanepar tem feito a respeito?

Hospital São Sebastião (agora o meu maior “calo”, vamos dizer): há algum tempo, quando tivemos notícia da paralisação do atendimento de clínica médica e pediátrica no local, o Governo tentou dizer que estávamos em meio a política partidária, o que não passa de inverdade. O que se questiona aqui é: antes, havia parceria entre a direção do Hospital (e, consequentemente Governo do Estado) e a Prefeitura, para dar atendimento à população, bem como realizar pequenas cirurgias (vasectomia, por exemplo). Depois, mesmo com um grupo político escolhido pelo Governo para administrar o Hospital, o que se viu foi uma tentativa de fechamento, ou diminuição dos serviços prestados à população. Obrigando, ainda mais, os cidadãos procurarem assistência médica fora do município. Este grupo que, teoricamente, tem tanta influência no Governo do Estado, não poderia ter agido de maneira diferente, lutando para a permanência dos atendimentos ou, ao menos, buscado maneiras de se adequar e manter as parcerias? Tudo bem, há questões burocráticas envolvidas. Mas, em minha visão, quando se há vontade, interesse no bem comum (e não vantagem para a própria pessoa), busca-se formas, parcerias. Luta-se, ao menos.

Cine Teatro Imperial: como dito acima, o seu fechamento, até onde tenho conhecimento, ocorreu pelo fato de um equipamento ter estragado, necessitando que o Governo do Estado realizasse a manutenção. Para isso é necessário licitação e toda a burocracia de praxe. Mas, antes disso, havia programação constante no local e a população usufruía do local.

Novamente pergunto: onde estão os políticos que, anteriormente e até mesmo hoje, se valem do discurso de aliados do governo? O que fizeram para resolver estes problemas?

Leitor e eleitor, repito mais uma vez: este meu “discurso” não é político partidário (tenha certeza de que irão tentar rotulá-lo como tal). Mas, antes de confiar seu voto em políticos que prometem mudanças extraordinárias, olhe para o passado e se questione o que ele (e o grupo que está com ele) poderia ter feito a mais pelo bem comum, pelo que é público, por mim, por você, por todos nós.

Parafraseando Titãs, na música Comida, “eu quero inteiro e não pela metade”. Quero saúde por inteiro, não precisando ser “levada” por este ou aquele para outro município porque lá há recurso (?), mediante pagamento para serviços que seriam prestados pelo SUS (?). Quero lazer por inteiro, podendo ter um parque onde os meus e os seus filhos possam passar um domingo de sol. Quero ter saúde pública, não sendo testemunha de esgoto a céu aberto. Quero ter lazer, podendo ir ao cinema que o governo me prometeu.

É pouco, mas para muitos políticos parece exigência demais. E, ai de quem cobrar. Vão até dizer que é perseguição ou, quem sabe, campanha política. 

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