Lapeano fecha o revezamento 168 horas em Curitiba e pode entrar para o livro dos recordes

O deficiente visual Fernando Carvalho, foi o responsável pelo último trecho do revezamento que reuniu 168 atletas durante uma semana de corrida no Parque Barigui.

 O nome: Fernando Carvalho. Mas, pode ser chamado de exemplo de vida. Fernando tem 31 anos de idade e sofreu uma forte pancada na cabeça quando tinha apenas cinco anos. Devido ao acidente, Fernando perdeu completamente a visão. Para muitos, isso significaria o fim de uma vida normal, mas para Fernando não. O lapeano superou as dificuldades e hoje é pai de três filhas, atleta, professor, e está prestes a entrar no famoso Guinness Book, o Livro dos Recordes.

Fernando foi responsável por finalizar o desafio inovador realizado entre os dias 21 e 28 de setembro no Parque Barigui em Curitiba. Neste evento, 168 atletas percorreram o parque durante sete dias seguidos, sem nenhuma pausa, e completaram com sucesso o revezamento 168 horas.

O objetivo do desafio era mostrar para todos que é possível reservar pelo menos uma hora do dia para praticar exercícios físicos. No entanto, o feito pode render o Recorde Mundial de maior revezamento em questão de duração com participantes correndo sem parar. A organização do evento já reúne os documentos necessários para conseguir registrar a marca na próxima edição do Livro dos Recordes.

A equipe da Tribuna Regional conversou com Fernando Carvalho, que falou sobre sua carreira, a expectativa da comprovação do recorde, entre outros assuntos. Confira!

 

TR – Como você começou a praticar esportes?

FC – Quando estava na primeira série sofri uma forte pancada na cabeça e perdi a visão, isso aconteceu há 26 anos. Mas, sempre gostei muito de esporte e depois do acidente nunca deixei de praticar.

Desde o começo tentei me adaptar e sempre dei um jeito de estar junto com os outros garotos quando eles estavam jogando bola. De alguma forma eu estava envolvido, muitas vezes ajudava a organizar os torneios e sempre estava no meio do pessoal. Há dez anos comecei a me dedicar ao atletismo, depois conheci a Tamy Cecy, que hoje é minha guia e me ajuda muito no esporte.

 

TR – Como você conheceu a Tamy Cecy?

FC – A Tamy é uma grande pessoa e faz esse importante trabalho de ser a atleta-guia para corredores com deficiência visual. Durante uma prova em que eu estava participando em Curitiba, organizada pela Polícia Civil em 2011, ela estava presente e me convidou para treinar com ela. Aceitei e a parceria deu muito certo.

 

 

TR – Você treina diariamente?

FC – Sim. Percorro todos os dias um mesmo percurso de 10 km pelas ruas da Lapa. Primeiro realizei esse percurso ao lado da minha guia, hoje treino muitas vezes sozinho porque a Tamy não mora na Lapa e não pode vir todos os dias para a cidade. Por conta disso tive que memorizar todo o percurso. A minha memória hoje cobre a minha visão. Decorei todo o trajeto, as lombadas no percurso, as dobras de esquina e até os defeitos das ruas. Foi uma dificuldade que tive que superar e hoje virou uma coisa normal para mim.

 

TR – Qual é a importância da sua família na sua carreira como atleta?

FC – Minha família é tudo. Minha mulher e minhas filhas me ajudam a controlar a alimentação, os horários e me dão todo o suporte necessário.

Quando termino uma corrida ou um treino e minhas filhas me dão parabéns, sinto como se aquilo fosse uma injeção de ânimo para continuar a praticar o esporte.

 

TR – Como você avalia sua vida?

FC – Minha vida é muito ativa. Dou aulas de futsal como voluntário em quatro escolas: Pedro Passos Leoni, Pedro Favaro Cavalin, Serafim do Amaral e David Carneiro. Também sou voluntário do Centro da Juventude, onde dou aulas de futsal também para meninas. Me oriento pelo barulho da bola e pela experiência e amor que tenho pelo esporte. Sou muito feliz por poder ajudar as crianças.

 

TR – Como surgiu a oportunidade de participar do revezamento? E como foi sua participação?

FC – Os organizadores do evento já me conheciam de provas que participei em Curitiba, então apareceu o convite para o revezamento.

Cheguei com uma responsabilidade muito grande, pois fui escolhido para encerrar o evento. Durante a semana fez muito frio em Curitiba, mas nenhum atleta falhou no percurso, então minha responsabilidade só aumentou. 

No fim foi uma emoção muito grande. Representei bem os 167 atletas que estiveram no revezamento antes de mim.

Durante a minha participação chorei de emoção, mantive um ritmo, e consegui finalizar esse bonito projeto.

 

TR – Como você vê a possibilidade de entrar para o livro dos recordes?

FC – Estou muito feliz, tomara que dê tudo certo. O revezamento foi muito legal, todos os atletas se esforçaram e merecem esse reconhecimento.

 

TR – Quais são seus próximos desafios?

FC – No próximo dia 21 de outubro participarei de uma prova na estrada da Graciosa. Vai ser um desafio muito grande percorrer os 20 km que a corrida terá. Estou treinando bastante para essa prova.

 

TR – Qual é a mensagem que você deixa para o leitor da Tribuna Regional?

FC – Eu sempre falo que meu foco é mostrar que, independente da limitação física, todos têm espaço no esporte. O sedentarismo é algo que dá pra por no bolso. Espero que a minha história sirva para motivar tanto as pessoas com necessidades especiais, assim como qualquer outra pessoa. Sou uma pessoa feliz, amo a minha família e amo o que eu faço.

 

 Fernando tem o patrocínio da Pet Cursos e do Programa 190, do canal CNT. Para mais informações entre em contato com o atleta pelo telefone 3622-4750.

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