Presidente da FACIAP, Rainer Zielasko, fala sobre os desafios do associativismo no Paraná

A Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (FACIAP) representa hoje 290 associações comerciais, num universo de mais de 50 mil empresas em todo o Estado. A FACIAP é uma das maiores instituições do sistema no Brasil, com atuação em 75% dos municípios paranaenses.

Na série de entrevistas da Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Estado do Paraná (ADJORI-PR), o presidente da FACIAP, Rainer Zielasko, que exerce o cargo na gestão 2010/2012, fala sobre assuntos relacionados ao cooperativismo e associativismo no Estado, seus desafios e a importância das associações comerciais para o desenvolvimento local.

Na próxima semana, a FACIAP promove a XXII edição da sua Convenção Anual. O evento, reconhecido por reunir empresários e Associações Comerciais e Empresariais de todo o Paraná, trará em sua temática central três importantes pilares: “Empreender, Cooperar e Associar para um mundo melhor”.

 

ADJORI: Qual o motivo da escolha do tema para a Convenção? O cooperativismo e o associativismo são a saída para o desenvolvimento econômico, principalmente para o enfrentamento de crise e dos desafios do mercado?

Rainer: A ONU – Organização das Nações Unidas declarou 2012 como o Ano Internacional do Cooperativismo, devido à relevância de seu trabalho para o desenvolvimento econômico e social. Sendo assim, vamos fazer um tributo ao Cooperativismo com a XXII Convenção. Trabalhamos sempre com a ideia de Associações como agentes de desenvolvimento local, e as cooperativas promovem também este papel. O trabalho pela união de forças em torno de um objetivo comum faz toda a diferença perante os desafios da nossa economia, gerando mais emprego, desenvolvimento e renda para os municípios.

 

ADJORI: Como o Associativismo pode se tornar uma alternativa para combater crise mundial?

Rainer: O Associativismo tem desenvolvido ferramentas que criam um ambiente mais favorável ao desenvolvimento empresarial. No Paraná, por exemplo, foi através do nosso Sistema que criou-se o Sicoob, uma cooperativa de crédito, que juntamente com o Sicredi oferece aos associados facilidades no acesso ao crédito a custos mais baixos e redistribuição dos resultados, entre outras vantagens. Recentemente, criamos também as Sociedades Garantidoras de Crédito (fundo de aval), ferramenta importantíssima para os micro e pequenos empresários terem acesso às linhas de crédito mais baratas. Enfim, o Associativismo tem atuação importantíssima nas comunidades, com a criação de ferramentas que proporcionam maior competitividade e longevidade às empresas, tornando-as mais consistentes e, dessa forma, elas não são tão afetadas pelas crises que ocorrem em nossa economia.

 

ADJORI: Como o presidente acredita que pode gerar, ou seja, promover a competitividade entre o empresariado?

Rainer: A Faciap defende bandeiras focadas na competitividade, como a melhoria do sistema tributário e a aplicação da Lei Geral em todo o Paraná, que beneficia as micro e pequena empresas em compras públicas. Atualmente, temos uma das maiores cargas tributárias no mundo, que utiliza 38% do nosso PIB. São necessárias mudanças tanto na carga dos impostos quanto na simplificação do sistema. O governo já tem sinalizado com algumas medidas importantíssimas, como redução das tarifas de energia elétrica, desoneração da folha de pagamento e uniformização no ICMS, porém é necessária uma reforma mais ampla que contemple todos os setores. Simultaneamente, estamos deficientes em infraestrutura, o que diminui a competitividade das empresas. Portanto, é necessário lutar pela melhor aplicação do dinheiro público e estabelecer parcerias com a iniciativa privada para que esses gargalos sejam solucionados. Isso é uma questão de cidadania. A Faciap acredita nisso e faz a sua parte fiscalizando através do Observatório Social e agora também apoiando o Movimento Paraná sem Corrupção, do Ministério Público.

A geração de emprego a partir do treinamento adequado também promove maior competitividade entre o empresariado. Com profissionais qualificados de acordo com os seus respectivos setores, as empresas crescem em produtividade e qualidade.

 

ADJORI: Como as associações comerciais podem contribuir para tornarem-se, com mais força, agentes do desenvolvimento local?

Rainer: A essência do Associativismo é aglutinar forças entre seus associados com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social de maneira descentralizada.  O trabalho realizado pelas Associações Comerciais a partir de produtos e serviços como a Certificação Digital, SPC, seguros e convênios, dentre outros, as tornam mais atrativas e consequentemente promovem transformações nos municípios. Um dos princípios do Associativismo é o estabelecimento de parcerias, tanto com a iniciativa privada quanto com o poder público. O Sistema no Paraná faz isso muito bem em parceria com outras Federações, Cooperativas, Sebrae, entre outras entidades, levando para as Associações informações, modelos, capacitação, ou seja, tudo aquilo que ajuda no desenvolvimento empresarial.

Desta maneira, elas fazem com que as riquezas fiquem nos municípios, criando um ambiente mais harmônico para o desenvolvimento especialmente das micro e pequenas empresas, além de ajudar na transformação do Estado.

 

ADJORI: O Paraná está gerando empregos e superávit no Produto Interno Bruto (PIB), acima da média nacional. Até que ponto as Associações Comerciais tem influencia nisto. Em que segmentos o Estado se diferencia do País?

Rainer: Acreditamos que isso vem acontecendo devido a alguns fatores como a presença de empreendedores que atuam de forma associativa e cooperativa e um governo que possui bons programas para a atração de novas empresas e para o desenvolvimento das que já se encontram em território paranaense. Tudo isso, somado ao alto potencial agrícola do Paraná e à crescente agroindústria de transformação, mais o parque industrial já instalado, faz com que o Paraná se destaque e venha crescendo acima da média brasileira. As Associações atuam de forma decisiva tanto na defesa institucional, buscando solucionar os gargalos existentes nas comunidades levando produtos e serviços que auxiliam as empresas para que atuem de forma associativista, voltados à formalização de empresas, formação, capacitação pelos programas Empreender e Capacitar, além de levar informação sobre a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Trata-se de uma série de ações que contribuem para o desenvolvimento mais harmônico do Paraná como um todo.

 

ADJORI: A especialização de mão de obra é uma necessidade urgente do mercado. Em que a Faciap está colaborando para acelerar este processo?

Rainer: A Faciap conta com uma gama de treinamentos que atende aos diversos setores. Uma das novidades que lançamos durante a última gestão foi o portal Capacitando.net, que atua através de EAD – Educação à Distância. São mais de 600 cursos nas mais variadas áreas, que são contratados pelas Associações de forma personalizada, de acordo com suas necessidades. O IPPEX, órgão da Federação focado em Comércio Exterior, segue com os serviços como Certificado de Origem e cursos voltados à internacionalização de negócios, principalmente voltados para as pequenas empresas associadas ao Sistema. Dentro do programa Empreender, desenvolvido em parceria com o Sebrae/PR, Núcleos Setoriais criados a partir de empresas associadas recebem capacitação de acordo com sua área de atuação. Além disso, os próprios executivos e presidentes das Associações recebem treinamento pelo programa Capacitar para que atuem visando o desenvolvimento sustentável.

 

ADJORI: O que o senhor considera o principal desafio para o fortalecimento das Associações Comerciais?

Rainer: O principal desafio é a conscientizar o empresariado de que é necessário dedicar parte do seu tempo para discutir assuntos de seu interesse na Associação Comercial. Participando do movimento Associativista, ele mais rapidamente encontrará soluções para seus problemas que são comuns a todos os empresários. É importante entender que a concorrência não está mais apenas com o nosso vizinho, mas está também com outros países. Uma das formas de fortalecimento perante esse cenário é o associativismo.

 

ADJORI: Considerando as recentes mudanças no setor de informação de crédito no Paraná, qual é a eficiência do atual sistema de consultas ofertado pela base operadora da Faciap?

Rainer: Neste momento, a Base Centralizadora Faciap, que criamos em parceria com o SPC Brasil, CNDL e Serasa Experian está consolidada com 90% de cobertura no Paraná. Desde o mês de maio, no qual a Base iniciou suas atividades, mais de 200 Associações Comerciais aderiram ao produto, o que comprova a força do Associativismo. Com a novidade, recuperamos o Banco de Dados que pertence ao comerciante, e as Associações o mantêm. A Faciap é a responsável em fornecer os dados, o que garante mais transparência e credibilidade. Os associados têm à sua disposição um produto robusto, com informação estadual e nacional, tanto de pessoa física quanto jurídica, total segurança na concessão do crédito e maior velocidade na recuperação de crédito. E a confiança dos associados nas consultas é demonstrada pelo crescimento do volume de consultas que a Base tem atendido. Estamos crescendo mais de 13% ao mês, ou seja, comprovando esse princípio na prática.

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