Mais uma vez, os professores pedem atenção…

Dartagnan Gorniski

 

A algumas semanas iniciei esta coluna justamente comentando a disparidade de salários entre os profissionais da educação municipal e as nossas “autoridades”. Esta semana fui surpreendido com uma greve destes mesmos profissionais da educação municipal.

 

Oras, a reivindicação dos mesmos é muito justa, afinal, trabalham 40 horas semanais para receber salários muito baixos e dei algumas idéias. Pelo tamanho da responsabilidade que carregam – o ensino de nossas crianças na mais tenra idade, deveriam ser muito mais valorizados.

 

Nesta questão dos professores, devo concordar com os reiterados anúncios de que o Município não tem recursos para suprir a justa demanda destes profissionais. Com isso, veio-me a idéia de sugerir uma realocação de recursos para suprir – se não na totalidade – pelo menos parte das reivindicações destes profissionais. Sei que minhas idéias são utópicas, mas servem para vermos como é mal gasto o dinheiro de nossos impostos, e como poderia ser usado de forma muito melhor.

 

Recebi a algum tempo um email informando que o Prefeito de Foz do Iguaçu – funcionário concursado da Receita Federal – preferiu não receber o salário de R$ 20 mil que a prefeitura devia lhe pagar pelo exercício de seu mandato, e manteve-se recebendo o salário de R$ 12 mil, como funcionário da Receita. Ou seja, os cofres públicos de Foz do Iguaçu livraram-se de uma despesa mensal de R$ 20 mil reais.

 

Aqui na Lapa, temos uma prefeita que recebe R$ 18 mil, e é funcionária pública estadual, lotada na EMATER. Telefonei para esta instituição em Curitiba, tentando saber qual é o salário que a mesma recebia anteriormente. Não me informaram, mas deram dicas. Segundo as informações que tive, o salário era algo entre R$ 6 e R$ 9 mil mensais. Não é um salário ruim.

 

Então se a prefeita decidir ficar com o salário estadual, desonerando o município, sobrarão R$ 18 mil mensais aos cofres públicos, e a prefeita ainda terá um salário muito bom para o padrão da Lapa. Considerando que temos cerca de 600 funcionários na educação municipal, essa economia pode representar um aumento de R$ 30 no salário de cada um deles. Parece pouco, mas não para por aqui.

 

Cada vereador recebe um salário de R$ 6 mil. Se fosse aprovado o estatuto do vereador voluntário, como já citei em artigos anteriores, este salário poderia ser devolvido aos cofres do executivo, e convertido em salário para os funcionários da educação. A conta é simples: 9 vereadores ganhando R$ 6 mil representam um gasto de R$ 54 mil mensais, que divididos entre 600 funcionários significam um aporte salarial de mais R$ 90 mensais.

 

Um vereador tem direito ainda a dois assessores, cada um ganhando na faixa de R$ 3 mil. Fiz a proposta de que a cada dois anos seja feito um concurso entre estudantes universitários que residam na Lapa para ocupar esses cargos. Salário de R$ 700 mensais, pela minha proposta. Cada vereador poderia escolher entre os aprovados quais seriam seus assessores. Com isso, teriam apoio necessário para suas funções e os universitários teriam uma renda para bancar sua faculdade – e ainda aprenderiam um pouco do jogo político. Isso reduziria o pagamento com assessores em R$ 2,3 mil por assessor, ou R$ 4,6 mil por vereador, totalizando R$ 41,4 mil mensais, que também direcionados à educação, representariam um aumento de salário de R$ 69 para cada funcionário.

Então apenas nesse pequeno cálculo já conseguir localizar verbas para aumentar o salário de cada professor e funcionário da educação em R$ 189,00 mensais.

 

A prefeitura gasta hoje cerca de R$ 200 mil mensais em cargos comissionados. Estes cargos são importantes e não podemos eliminá-los. Da mesma forma, poucos vão querer trabalhar de graça nessas funções, que às vezes exigem mais dedicação que a própria função de prefeito. Mas se reduzirmos em 20% os salários dos cargos comissionados não teremos grandes problemas, e com isso iremos gerar uma economia mensal de R$ 40 mil, que redirecionada irá gerar o valor de R$ 67 por funcionário da educação, que somados ao que já calculei, representará um acréscimo de R$ 256 mensais.

 

Oras, recebi um bilhete da escola de meu filho informando que a média salarial dos professores é de meros R$ 678,00, e o que eles reivindicam é o estabelecimento do piso previsto em lei de R$ 783,50. Apenas R$ 105,50 de diferença! Isso quase pode ser coberto apenas com o salário do prefeito e redução de 20% dos comissionados! E se incluirmos a utopia do vereador voluntário, os professores podem sonhar com um salário de R$ 934,00 mensais (R$ 678 mais R$ 256) – um aumento de impressionantes 37,75%. E tudo isso sem prejudicar outras áreas do município nem onerar os cofres públicos. Fica aqui o meu ponto de vista.

 

 

 

Dartagnan Gorniski é cidadão lapeano e

proprietário da Flora Monte Claro. De vez em

 quando aceita ser o “palpiteiro de plantão”.

 

 

 

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