O ballet e a valorização da cultura na Lapa

 

Me recordo com saudades da minha primeira aula de ballet. Tinha 16 anos e havia terminado o colégio. Estaba tão entusiasmado em ser bailarino professioal, mas lamentavelmente a arte no Perú só está centralizada na capital e eu vivo a 800 km ao norte dela. Mas, minha vontade de me tornar bailarino não foi deixada de lado por isso, assim que peguei o primeiro avião, viajei até a capital para realizar meu sonho.

Tudo durou pouco, ocorreram muitas coisas que fizeram que minha carreira como bailarino não seguisse em frente. Sofri muito porque via minhas aspirações irem caindo pouco a pouco, mas minha paixão pela dança ainda segue forte.

Há poucos días caminhava pela Rua Souza Naves, aquí na Lapa, no Brasil, e por acaso vi a academia de ballet da professora Isabel Pellegrini. Meu coração se acelerou rápidamente, meu corpo sentía as vibrações da música e relembrei aquelas aulas de ballet no Peru.

Fiquei surpreendido como a Lapa, sendo uma cidade tão pequena tem uma paixão viva pela dança e pela cultura, tem uma academia de ballet. Minha cidade, Piura, tem mais de um milhão e meio de habitantes e não tem nenhuma academia de ballet. A arte no Perú é pouco valorizada e está centralizada em grandes ciudades e capitais.

Minha vontade de aprender ballet na Lapa foi grande. Conheci a Isabel, uma excelente professora que dedica sua vida inteira a difundir o ballet. Conheci boas pessoas e grandes estudantes de dança, como o Luís Henrique, um joven bailarino que acabou se tornando um grande amigo. Ele me explicava sobre os preconceitos que existem quanto aos bailarinos homens, mas eu respondia que se esta era sua paixão, deveria continuar a dançar.

Ao colocar um pé dentro do salão de ballet da professora Isabel Pellegrini, me transportei a outra dimensão. Sentí o cheiro de suor, mas não o suor fétido. Era um suor cheio de esforço, dedicação e sacrificio. Voltar a colocar as sapatilhas de ballet entre pessoas que não falam o seu idioma, mas que te acolhem de maneira tão amável é sinceramente maravilhoso.

Nunca poderei esquecer todas estas experiências que estou vivendo no Brasil, especialmente na Lapa. Estarei eternamente agradecido à AIESEC, à ONG Lapa Goll e ao jornal Tribuna Regional, por me deixar transmitir minhas experiências a todas as pessoas do municipio.

Só posso aconselhar a todos uma coisa: se você temu m sonho, lute por ele. Não te dê por vencido, só creia em você mesmo e pense que pode fazer algo maravilhoso e ser o melhor no que você faz.

 

Kevin Saucedo é peruano, tem 20 anos e estuda jornalismo em seu país natal. Ele está fazendo intercâmbio através da AIESEC e da Ong Lapa Goll. Por conta de seus estudos, foi convidado a acompanhar os trabalhos da redação da Tribuna e colaborar com o jornal, escrevendo textos enquanto estiver na Lapa.

Please follow and like us: