E a mãe diz: “Engole esse choro agora!”

Ou, ainda: “Leve o guarda-chuva porque vai chover!”, “Você acha que sou sócia da Copel?”, “Vou contar até dez!”, “Juízo, hein?!”, “Quando chegar me liga e não aceite bebida de ninguém!”, “Não faz mais que a sua obrigação!”, “Mas você não é todo mundo!”, “Porque não é resposta sim!”. Quem nunca ouviu pelo menos uma dessas frases, vinda da boca de sua mãe?! Com certeza, todos nós já tivemos um momento em que ouvimos algo igual ou parecido.

Mas, afinal de contas, mãe é mesmo tudo igual?

Posso dizer que com certeza “mãe é mesmo tudo igual” quando se trata de amor pelos filhos. Difícil encontrar alguma que não dê a própria vida por aquele que gerou ou adotou como se de seu próprio sangue fosse.

Também é possível dizer que com certeza “mãe não é tudo igual”, pois cada uma tem suas características, seu modo de demonstrar o amor, o afeto. E, não adianta nem discutir: a nossa é e sempre será a melhor de todas!

Só que você já parou para pensar quando realmente nasce uma mãe?!

Para aquelas que conseguem engravidar, talvez seja no momento em que se descobre grávida. Para as que adotam, talvez o momento em que conhece a criança que passará a conviver com sua família. Ou, ainda, o exato momento em que a cria vem ao mundo e aos braços maternos.

Para muitas, o real sentido da palavra “mãe” é descoberto no momento do parto. Mas, infelizmente, no Brasil, ainda ocorrem muitos casos da chamada “violência obstétrica”. Mas, o que é isso? Esse termo muitas vezes acaba passando a impressão errada, porque pode parecer que se trata apenas de violência física. E isso não é verdade! A violência obstétrica inclui uma série de tratamentos desrespeitosos à parturiente, que vão desde piadinhas e comentários maldosos e preconceituosos ao completo desrespeito e intervenções médicas feitas contra a vontade da mãe durante o parto. Também caracteriza-se pela ofensa verbal, pelo descaso, pelo tratamento rude, por gritos, pela proibição da manifestação das emoções, por violências físicas de todos os tipos, pela obrigatoriedade de uma determinada posição, por apelidinhos, pela contenção dos movimentos, pela humilhação intencional e todo tipo de atitude torpe que, sim, acontece.

Infelizmente a estimativa é que 1 em 4 mulheres no Brasil é vítima de violência obstétrica.

E uma forma de evitar a tal “violência obstétrica” e que vem ganhando espaço na discussão entre muitas futuras mães brasileiras é o tal do “parto humanizado”. Você já ouviu falar disso?

Não, leitor ou leitora, o “tal” do parto humanizado não é frescura. Muitos até o confundem com o parto em casa. Mas não é isso. Uma coisa é um parto em casa, desassistido, sem a presença de nenhum profissional da saúde, sem médico, sem obstetriz, sem parteira, ninguém, só o casal e a cria que vai sair. Outra coisa é o parto HUMANIZADO, quando a mulher é a protagonista do parto, tratada com RESPEITO, podendo escolher ONDE (hospital, casa de parto, a própria casa, a casa da vizinha, embaixo de uma árvore) e COM QUEM ela quer parir.

No parto humanizado PODE ter respeito, pode ter carinho, pode ter apoio, a mulher pode comer se sentir vontade, dormir se sentir vontade, gritar durante a contração se sentir vontade. Pode até anestesia se ela estiver com dor demais e sentir que precisa. Pode o bebê ir direto pro colo da mãe, pode esperar o cordão umbilical parar de pulsar para cortar, pode o bebê mamar nos primeiros minutos de vida, antes de pesar, medir, limpar. Isso se quiser pesar, medir e limpar, porque muitas vezes não precisa de pressa pra isso. Enfim, no parto humanizado pode se praticar com sobra o RESPEITO pela mãe que acabou de nascer e pelo bebê.

No parto humanizado NÃO PODE: proibir a mulher de comer, falar, por exemplo: “Pra fazer você não gritou, né”, ou então “vai mãezinha, faz força agora, AGORA, que estou mandando”, fazer 50 toques desnecessários…

Parece óbvio, mas para muitos ainda não é!

Então, para podermos efetivamente comemorar o Dia das Mães, o próximo 11 de maio, com dignidade, precisamos, primeiro, RESPEITAR as mães. Seja a nossa, por tudo o que fez e faz por nós. Seja a dos outros, aquela que está nascendo e que precisa, sim, de mais respeito no momento mais belo de sua vida: aquele em que dá a vida a outro ser. Se queremos uma sociedade mais humana e respeitosa, comecemos respeitando aquela que carrega em seu ventre os futuros protagonistas deste país.

Em tempo: “Humanização significa humanizar, tornar humano, dar condição humana a alguma ação ou atitude, humanar. Também quer dizer ser benévolo, afável, tratável. É realizar qualquer ato considerando o ser humano como um ser único e complexo, onde está inerente o respeito e a compaixão para com o outro”.

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“Ser mãe é ser um anjo que se equilibra sobre um berço dormindo! É ser anseio, é ser temeridade, é ser receio, é ser força que os males equilibra! Ser mãe é andar chorando num sorriso! Ser mãe é ter um mundo e não ter nada! Ser mãe é padecer num paraíso!” (Coelho Neto)

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