No momento atual da política no Brasil, me pego pensando assustada, sempre que encontro pessoas cultas, inteligentes e ao mesmo tempo com uma visão distorcida da realidade. Não sou política, não tenho partido político, simplesmente sou uma pequena observadora do comportamento humano que tenta entender o que leva estas pessoas a tanto fanatismo, que frente a fatos comprovados continuam com suas vizeiras, sua verdade pronta e defendendo o indefensável.

Darei o nome a isso de alienação cognitiva, onde uma mentira contada mil vezes torna-se verdade, pessoas que perderam a condição de perceber o que há por trás do enunciado.

Este tipo de alienação ocorre na política, nas seitas religiosas, algumas crendices, no consumo, nas ciências e onde o interesse do poder dominante se instala, desqualificando seu opositor, mostrando seus erros e colocando-se como o salvador e dono da única verdade existente, levando algumas pessoas ao ponto de deixar de ser pensante, de agir por si, para ser pensado, diminuindo sua capacidade de julgamento.

Nestes questionamentos me vem à mente a fábula de como prender porcos selvagens. Primeiro, coloca-se um pouco de ração e uma pequena cerca em um lado só, vai aumentando a ração e as cercas, até fechá-los por inteiro e eles, agradecidos por ter o que comer e sem se dar conta, perdem a liberdade. Perde-se a liberdade em troca de alimento, alienou-se na comida.

Passeando pelo momento atual na política brasileira, os alienadores primeiro ensinam a proteger-se nas ideias, isolar-se do convívio quem pensa contrário, assustar-se com mentiras sobre o opositor… Você pode perder tudo que conquistou, unir-se em grupos que pensam igual (sindicatos, escolas e afins), incitar brigas e desavenças com grupos opositores, repetir, repetir e repetir o mesmo mantra, criando o grito de guerra (“Isto é golpe!”, “Não vai ter golpe!”). Este slogan mantra nunca foi espontâneo, mas sim calculado, criado e plantado por marqueteiros, especialistas em psicologia das massas, contratados a peso de ouro.

Quando estudamos um pouco a implantação dos regimes totalitários, esta é a melhor arma para implantá-los. Na educação, textos escolhidos, direcionados e selecionados, degradação dos valores éticos, morais e familiares, sepultamento de qualquer capacidade de discernimento, uso de jovens como massa de manobra, inocentes úteis vítimas da ignorância, corrompendo suas mentes.

A inversão de valores contada nas escolas sobre a história recente do país, onde a verdade só tem um lado, o lado que interessa para manterem-se no poder. Vivi esta fase, fui para a rua, fui usada como massa de manobra e hoje vejo certos bandidos da época travestidos de bons moços distorcendo a história. Na verdade estávamos entre dois extremos, ou encarávamos o regime militar ou um regime marxista.

Mas o que mais me assusta é hoje ouvir os que lutaram por um regime marxista se arvorarem em lutadores pela democracia. Me pergunto o que é democracia para eles. E como este grito de lutadores da democracia algemam a cabeça de nossos jovens e os alienam nas suas mentiras contadas como verdade. Não permitem que sejam revistos os dois lados desta moeda, onde nenhum era só razão e escondem dos alienados a verdade, do que vieram fazer e o que querem.

Precisamos quebrar estas algemas, voltar a ser pensantes, deixar de ser pensados por certos marqueteiros que ganham seu dinheiro para mentir e iludir.

Boa sorte, Brasil.

 

*Pedra Bucci é psicóloga (pedrabucci@hotmail.com)