Festa realizada na terça-feira, 20 de fevereiro, em Curitiba, contou com a participação de parentes, amigos, médicos, enfermeiros e até de desconhecidos que se sensibilizaram com a história.
Os gêmeos Asaph e Ana Vitória, que nasceram mesmo após a mãe ter a morte cerebral confirmada quando ainda estava no segundo mês de gestação, completaram o primeiro ano de vida na segunda-feira, 19 de fevereiro. Uma festa foi realizada na terça-feira, em Curitiba, para comemorar o que há um ano parecia impossível.
Frankielen da Silva Zampoli, moradora de Contenda, tinha 21 anos e estava grávida quando teve uma hemorragia cerebral. Três dias depois da internação, a morte cerebral foi constatada. Porém, a família e os médicos do Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, decidiram mantê-la viva. Foi uma gravidez monitorada 24h durante 123 dias pela equipe médica, que precisava manter o corpo da mãe funcionando para que os bebês pudessem se desenvolver. O principal desafio, segundo os médicos, era a de fazer com que os bebês sentissem o afeto que a mãe não podia dar. Para isso, família e equipe acariciavam a barriga, conversavam e cantavam para os bebês. Após o nascimento dos gêmeos prematuramente, foram mais de três meses internação até deixarem o hospital.
“Naquela UTI, quando eu tocava na barriga e via o corpo se mexer, eu sentia e via que ela batalhava junto conosco. Mas hoje eu olho pra eles, relembro de tudo que eu passei e todos os dias agradeço”, afirma o pai dos gêmeos, Muriel Padilha. O pai e a avó materna, que ele chama de “avó-mãe”, Ângela Silva, contam que nunca duvidaram do milagre desde que os exames mostraram que o coração da mãe e dos bebês ainda batiam. “Eu sempre vi eles grandes, sempre vi eles crescendo. Sabe, poder fechar os olhos e imaginar eles correndo pela casa assim. Se Deus fez um milagre ele não ia fazer só pela metade”, diz a avó.
Ela conta que as crianças são a continuação da filha. “É como se ela estivesse aqui. Eu sempre digo que eles não substituem, mas preenchem o vazio. É um pedacinho do céu aqui comigo”, explica.
A festa de Asaph, que é mais emotivo, e de Ana Vitória, bem mais agitada, teve a participação de parentes, amigos da família, médicos, enfermeiros e também de gente desconhecida que se sensibilizou com a história e se uniu para proporcionar a comemoração.
O médico Marcelo Machado, que participou da festa, era plantonista no hospital. De três a quatro vezes por semana, era um dos responsáveis por cuidar de Frankielen. “Foi algo excepcional. Não tinha nada disso na história da medicina. Estou feliz em poder estar aqui na festa. Não moro mais aqui, mas estou de férias e vim prestigiar. Queria ver os gêmeos, que estão lindos”, afirma. Ele trata como incrível o fato de, aparentemente, os bebês não apresentarem nenhum problema de saúde. “Usamos muitos remédios no tratamento e a gente não sabia o que isso poderia trazer para os bebezinhos. Graças a Deus e ao trabalho de todos deu certo”, conta.