Dona Elza: Uma senhora professorinha

Do alto dos seus noventa e sete anos de idade, a Sra. Elza Siqueira é um exemplo vivo de uma Lapa que cresceu valorizando as pessoas e distribuindo muito carinho e dedicação.

Nascida há quase cem anos Dona Elza Siqueira é uma senhorinha muita conhecida por todos os cidadãos da Lapa. Dona de um carisma e uma simpatia ímpar, ela se alegra e se regozija com uma boa conversa. Esta senhorinha é um exemplo como se deve tratar as pessoas, com respeito, atenção e, principalmente, muito amor.

Parte de uma família com oito irmãos, Dona Elza morava na antiga casa onde hoje estão instaladas as Casas Pernambucanas. Segundo ela conta, o terreno ia da Barão até a Avenida, tamanho eram as propriedades de antigamente. Seu pai era eletricista, mas também lavrava a terra, aproveitando a área disponível plantando feijão, milho e diversos e inúmeros pés de árvores frutíferas.

Malandra como toda jovem, Dona Elza conta com um risinho no rosto a alegria que era pular o muro para buscar frutas no quintal do vizinho, mesmo que no seu quintal existissem as mesmas iguarias. A aventura era o que contava para a juventude.

No tempo de sua juventude a Lapa era muito pequena, sendo cidade apenas da Alameda David Carneiro, chegando ao Santuário (Que na época ainda não era esta bela construção), no outro limite era o Cemitério Municipal e fechava com a Avenida Manoel Pedro (ou das tropas). O restante da cidade era campo ou pequenas chácaras que eram ‘longe’ para serem visitadas.

Em sua vida, Dona Elza conta que seu futuro marido faleceu antes do seu enlace e ela nunca mais procurou outro amor, pois lembrava e ainda lembra com amor de seu querido que se foi.

Como praticante do espiritismo, Dona Elza Siqueira transformou sua sala principal em uma escolinha para ensinar as crianças os princípios básicos da doutrina espírita, mas, segundo ela, sempre respeitando as outras crenças e sempre afirmando que “Jesus é um só”, para que as crianças tivessem segurança e tranquilidade no aprendizado. Em suas aulas ela não falava de espiritismo, falava de caridade, de amor ao próximo, de pensamento positivo, de acreditar em uma força maior. Inúmeros foram os alunos que passaram pela sua salinha durante os anos em que se dedicou a este ofício.

Com muito orgulho conta que conquistou uma posição como secretária do Diretor Geral do Hospital São Sebastião e, se rindo, fala de alguns funcionários reclamavam que ela nunca errava nada e não tinham como brigar com ela. “Eu gostava do meu trabalho e fazia com muito afinco, por isso sempre caprichei no que fazia”, afirmou Dona Elza.

Depois de alguns anos foi transferida para o Posto de Saúde principal da cidade, onde surgiu a oportunidade de trabalhar também como enfermeira, coisa que em primeira mão ela relutou, afinal, não era sua intenção machucar as pessoas. Depois de um curso intensivo ela aprendeu a usar suas delicadas mãos com muito carinho e aplicar vacinas ou retirar sangue sem que mesmo a pessoa tivesse notado.

“Os exemplos e as histórias que deixamos são nosso legado”, afirmou Dona Elza Siqueira, ao finalizar o bate-papo com o repórter Aramis Gorniski. “O bem que fazemos é a mensagem mais bonita que podemos deixar ao mundo e é a única coisa que pode fazer com que as coisas melhorem”, finalizou ela.

O Bate-papo descontraído e muito animado com Dona Elza Siqueira, uma de nossas primeiras assinantes da Tribuna Regional, nos trouxe um novo ânimo e um novo olhar para o mundo. Com todas as dificuldades de uma pessoa na sua idade, ela não deixa de sorrir, abraçar e agradecer a cada momento as bênçãos e pessoas que a visitam. E deixa um recado: “Adoro receber visitas, pois adoro conversar”.

Em homenagem ao mês da mulher, trazemos esta personagem principal como exemplo de vida, dedicação, coragem e muito amor. Uma senhora que não tem filhos naturais, mas tem centenas de filhos, netos, sobrinhos e amigos conquistados ao longo de sua simpática existência.

Dona Elza: Uma senhora professorinha.
Dona Elza e seu anjo pessoal, a cuidadora Márcia
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