Nessa edição vamos conhecer um pouco da trajetória de Caroline Ganzert Afonso, que defendeu uma tese de Doutorado sobre o fotógrafo lapeano Guilherme Glück.
Homens e mulheres, proletários e artesãos de ofício das décadas de 1920 a 1950, estão eternizados pelas lentes de Guilherme Glück. O único fotógrafo, que registrou a Lapa-PR durante os grandes ciclos econômicos vividos pela cidade no início do século XX. Com um olhar afinado, Glück fotografou o cotidiano da cidade da Lapa, seus habitantes, costumes e tradições.Glück nasceu em Criciúma, em Santa Catarina, mas foi na cidade da Lapa que aprendeu fotografia e abriu estúdio fotográfico na década de 1920. Na época, bateu mais de 30 mil chapas de vidro, e deixou como legado uma memória fotográfica sobre a cidade de origem tropeira.
É imensurável o número de exposições, registros, reportagens e pesquisas feitas sobre o fotógrafo e foi nesse contexto, que nesta edição vamos conhecer um pouco da trajetória da professora Caroline Ganzert Afonso, que defendeu sua tese de doutorado no ano de 2022, no Programa de Pós-Graduação em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Caroline é curitibana, mas possui familiares na Lapa. A professora possui um currículo acadêmico invejável, sendo Arquiteta e Urbanista (UFPR), técnica em Desenho Industrial (CEFET-PR), Tecnóloga em Design de Móveis (UTFPR), especialista em Arte Educação (FAP-PR), História da Arte (PUC-PR) e Restauração de Arquitetura (Unuleya), mestre em Tecnologia (UTFPR) e Doutora em Geografia (UFPR).
CAROLINE E A TESE SOBRE O FOTÓGRAFO LAPEANO
Apaixonada pela Lapa, Caroline já tinha realizado uma dissertação de Mestrado sobre o patrimônio do município, então, como ela diz “já estava familiarizada com o assunto e as histórias da cidade da Lapa”, conta Caroline, que também relata uma curiosidade, “quando estava folheando o álbum de família da minha mãe, encontrei uma série de fotografias do Glück. Nesta mesma ocasião vi uma exposição de fotografias no Museu da Imagem e do Som, em Curitiba, intitulado “As Noivas de Glück”, E minha avó era uma das noivas retratadas por ele”, relata.
A construção da pesquisa elaborada por Caroline Ganzert foi prazerosa, apesar das dificuldades, como ela conta, uma parte importante do trabalho foi desenvolvida durante a pandemia e isto dificultou o acesso ao acervo de imagens no Museu da Imagem e do Som, além de dificultar também as conversas e pesquisas na Lapa.
Para chegar ao triunfo de uma boa pesquisa, Caroline recebeu muita ajuda, aonde no decorrer do trabalho foi sendo construindo uma rede de pesquisa e ajuda. Muitos munícipes forneceram as imagens das fotografias de Guilherme Glück que tinham em suas residências. A professora conta que também recebeu auxilio especial da neta do fotógrafo Glück, quer repassou muitas informações e imagens fundamentais para a pesquisa.
GUILHERME GLÜCK: A PAISAGEM E A POESIA DO OLHAR DO FOTÓGRAFO DA LAPA
Ao propor a pesquisa, a professora Caroline conta que, o objetivo foi de investigar as transformações urbanas ocorridas em paralelo a presença do fotógrafo e também compreender como a paisagem lapeana eram retratadas em suas fotografias. Os espaços registrados por Glück tiveram diversas motivações, apresentando as transformações temporais, nos anseios de alterar e atualizar a Lapa enquanto cidade republicana e adaptada às novas infraestruturas urbanas, tais como rede de água encanada, ruas pavimentadas, rede de energia elétrica, novos modos de transporte e comunicação. Ao mesmo tempo, a tese discorre sobre o olhar refinado de Glück em suas referências e repertórios, composições e enquadramentos, bem como a contextualização de sua inserção cultural, social e tecnológica.
Deste modo o fazer geográfico apresenta-se não apenas como um trabalho descritivo de imagem, mas investiga além, em seus sentidos simbólicos, comunicados aqui através da fotografia de Glück. “Acredito que o repertório imagético deixado pelo Glück possa trazer à população lapeana uma nova visão sobre as transformações da paisagem, dos costumes, dos ciclos econômicos, das relações pessoais, culturais e sociais”, comenta Caroline, que agradece imensamente o carinho de todos que colaboraram para a realização da sua Tese. Para conferir sobre o Trabalho acadêmico da professora Caroline Ganzert Afonso basta acessar o link https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/79516