Este final de semana prolongado nos mostrou que a população já não aceita mais isolamento social. É como se a Pandemia tivesse sido extinta ou, mais provável, as pessoas já se acostumaram com o problema e estão absorvendo o número de infectados e de óbitos como mais um fato corriqueiro do cotidiano.
Esta fase é inédita na história recente e a sociedade nunca teve um evento desta grandiosidade desde a segunda guerra mundial. Aí entra um fato interessante: Mesmo em tempos de guerra as pessoas se acostumam e dão um jeito de viver a sua vida, incorporando aquela violência e destruição em seu “normal diário”.
As situações que acompanhamos durante o feriadão da independência dão a entender que praticamente o Covid19 já é um fator ultrapassado. As aglomerações, viagens, churrascos e encontros de familiares foram inúmeros e também foi imensa a quantidade de pessoas circulando com máscaras mal colocadas, ou simplesmente sem ela.
Comentando com um e com outro sobre o fato, algumas sugestões vieram à tona para a resolução do problema. A primeira ideia é intensificar a fiscalização com punição para quem descumprir as normas de prevenção. A segunda ideia é conscientizar de forma mais ativa a população sobre o perigo da doença.
As duas ideias são boas, mas demandam discussão. Falemos da conscientização. Passados seis meses do início desta pandemia, quem disser que não sabe como fazer a prevenção e se manter seguro está mentindo, portanto, chegamos à segunda ideia, de fiscalizar ostensivamente e punir os infratores sanitários. Nos dois casos passa a impressão de que o povo é uma criança arteira com 7 anos de idade que deve ser acompanhada e orientada pelos adultos e que, quando fizer traquinagem, existirá alguém para castigar a pequena criança.
Como se faz para conscientizar pessoas adultas acerca de algo que eles veem em todas as mídias? Como fazer para as pessoas entenderem a gravidade do momento e tomarem cuidado com a sua vida e a dos outros? É, de fato, uma ignorância coletiva que se mostra na rua. Mesmo que fossem colocados fiscais e leis mais rígidas contra a circulação de pessoas, elas sabem que punição não existe para estes casos, mesmo sendo previsto em código penal. Desse fato tomamos por exemplo os inúmeros processos judiciais que distorcem fatos e argumentos para livrar o réu de uma condenação praticamente certa.
O que vivemos hoje não é descaso. É a degradação do respeito e o desdém com as leis brasileiras que foram, em todos os tempos, distorcidas para beneficiar quem quer que estivesse no poder ou fosse amigo dos poderosos.
A constituição de 88 é um belo exemplo de legislação condescendente, que oferece milhares de direitos como fundamentais e irrepreensíveis enquanto dá pouca importância aos nossos deveres e obrigações. É o paralelo dos pais bonzinhos que brigam com o professor que deu nota baixa ao filho ao invés de exigir mais empenho e dedicação do pequeno aluno.
Essa inversão de responsabilidades está formando uma geração sensível ao extremo, birrenta e muito mal educada, mesmo que tenham acesso instantâneo a todo tipo de saber pela internet, a criação de ‘filhinhos da mamãe’ é consequência de um mal maior: a inversão de valores familiares e tradicionais.
Enfim, não precisamos de surras e patriarcado. Precisamos de concisão nas normas vigentes e, principalmente, respeito ao que determina as leis. Quem primeiro destrói isso são alguns dos nossos juízes e promotores, chegando ao STF como um concentrado de “deixa-disso” que ninguém admite. É fato. Contra fatos não há argumentos.