A volta às aulas

Esta semana as aulas recomeçaram, pelo menos na rede municipal. Na rede estadual, o inicio é dia 19. Levando meu filho ao seu primeiro dia de aula, ali na Escola Manoel Pedro, não pude deixar de ter um “déjà vu”, pois ele está exatamente na mesma sala que estudei há algumas décadas, e com a carteira mais ou menos na mesma posição.
Voltando para casa não pude deixar de analisar o ensino de minha época para o de hoje. Lembrando que sou professor de matemática para 5ª a 9ª e ensino médio e disciplinas de cursos técnicos em nossa cidade.
Primeiro repassei os conteúdos que vejo meu filho trazer para casa, e percebi que não diferem muito do que eu tive, em minha época… talvez mudem um pouco a abordagem, mas em essência, é o mesmo conteúdo. Para as turmas que ministro aula também é a mesma situação.
Dai analisei os professores. Em minha época havia professores excelentes. Mas também existiam péssimos profissionais. A grande maioria alternava momentos de brilhantismo pedagógico com momentos de normalidade. Isso ainda acontece hoje. Portanto, não vejo grandes mudanças na qualidade dos professores.
Por fim, da minha época para cá houve um grande esforço de inclusão de crianças nas escolas, fazendo com que aquelas crianças oriundas de famílias que por vários motivos não tinham condições de enviar seus filhos à escola passem a frequentar a sala de aula. Só que antigamente tínhamos uma pequena parcela de alunos brilhantes, uma grande massa de alunos “na média”, e uma pequena parcela de alunos problemáticos. Claro, o número de alunos em cada “categoria” variava conforme o ano. Mas isso ainda acontece – talvez apenas que os poucos problemáticos de hoje sejam muito mais problemáticos que os de antigamente.
Portanto, conteúdos, professores e alunos continuam iguais. Então o que explica a queda na qualidade da educação?
Simples: as diversas “novidades” pedagógicas implantadas no período. Foram tantas mudanças, algumas aparentemente inocentes (o fim do uso das médias por exemplo), e outras mais negativas (redução da média de 7 para 6; obrigatoriedade de 3 avaliações diferentes; entre outras), que teríamos que escrever um artigo para cada mudança, explicando seu impacto. E raras mudanças tiveram impacto positivo. O pior é que nem pais, nem professores e nem diretores tem autoridade para parar ou alterar essas mudanças.
Mas então, como garantir que seu filho esteja no time dos alunos brilhantes, ou pelo menos no dos “medianos”?
Simples: acompanhe atentamente o desempenho do seu filho. Lembre-se que com as mudanças aplicadas pela Secretaria da Educação, qualquer aluno que apenas vá para a aula consegue nota seis. Portanto, se seu filho chegar com nota bimestral próxima ou abaixo de seis, preocupe-se, pois ele não está entendendo nada na sala. Se o pai ou a mãe dominar o conteúdo devem sim ajudar a criança. Se não dominarem, procurar alguém que domine ou mesmo contratar professor particular. Verifique as tarefas para casa, e cobre que a criança cumpra todas. Peça mais atividades aos professores. Importe-se com seu filho. A escola é sim a segunda casa para as crianças. Mas a primeira casa é e sempre vai ser a família.
Parece exagero, mas vale lembrar que comparando o grau de dificuldade de antigamente para o atual, qualquer aluno com média sete, no sistema antigo, teria hoje facilmente nota oito, talvez nove. Então você não está sobrecarregando seu filho ao exigir um bom desempenho. E pode ter certeza: os professores, pedagogas e diretores agradecem muito.

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