Os Requiões e os “Ferreirinhas”

Um fato muito polêmico aconteceu durante a eleição de 1990, para o governo do Estado. O candidato Roberto Requião inventou um falso pistoleiro, chamado Ferreirinha, que foi usado para derrotar o então adversário e candidato ao governo José Carlos Martinez.

O caso foi o seguinte: No final do segundo turno da eleição de 1990, poucos dias antes do encerramento da propaganda eleitoral, o programa de Requião na televisão e no rádio apresentou o motorista desempregado Afrânio Bandeira, com o codinome de Ferreirinha, afirmando ter cometidos crimes a mando da família de Martinez. O personagem afirmava ter sido contratado pela família de Martinez para expulsar posseiros de terras da família na região de Assis Chateaubriand, na região Oeste do Estado.

Requião chegou a ter seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral do Paraná, mas recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral, e através de uma série de manobras conseguiu que o mérito da acusação não fosse julgada, e o caso, arquivado.

O estratagema ajudou Requião a atingir a imagem do adversário e conseguiu reverter a vantagem de Martinez – que na época estava no mesmo partido do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o PRN – nas pesquisas. O fato novo acabou lhe valendo o primeiro mandato de quatro anos no Palácio Iguaçu.

Pois bem, o uso de factoides e mentiras elaboradas é uma velha técnica política utilizada para desmoralizar e colocar em dúvida a idoneidade dos adversários eleitorais. Assim como na eleição para presidente quando Bolsonaro era taxado de negacionista e fascista, em outros âmbitos eleitorais e, principalmente, em cidades pequenas esta prática de desmoralização continua acontecendo com pouca ou nenhuma punição para os causadores.

Para incluir a Lapa nesta conversa podemos trazer o exemplo da recente denúncia feita pelo prefeito Diego Ribas à Câmara Municipal e depois sua entrevista no dia seguinte à um canal de facebook não-oficial, mas com chapa branca. O que notamos é a sede de revanche e o momento oportuno da denúncia, visto que no início de julho já se definem os candidatos para esta eleição e um dos denunciados é o principal adversário de Diego na disputa.

O modo como todo o processo chegou à Câmara, no último minuto possível para protocolar, com um discurso do prefeito exigindo a ação imediata dos vereadores e se lamentando de que “se fosse com ele já teriam aberto CPI”, mostra a tentativa de carimbar seu adversário como corrupto, mas o que de fato pode acontecer é o feitiço virar contra o feiticeiro. Explicamos melhor em matéria nesta edição e nas Mini-Notas.

O que é certo é que depois dessa denúncia uma coisa que não estava prevista agora fica muito fácil de se concretizar que é a aliança de Paulo Furiati com Leila Klenk e isso não será benéfico para a candidatura de Diego, visto que as forças se tornam muito maiores contra ele.

Enfim, só o tempo dirá se são factoides ou não, mas que ele mexeu em vespeiro, isso mexeu. 

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com