Voltando à escola

Milhares de crianças e adolescentes estão prontos para voltar às escolas na próxima semana. Depois de dois anos de estudos feitos um tanto pelos computadores e outro tanto, quando possível, ao vivo, eles estão ansiosos para reencontrar os amigos e continuar a sua formação.

O início das aulas sempre foi um tempo de expectativas e ansiedade. Reencontrar amigos, conhecer novas pessoas, aprender coisas novas, usar, finalmente, aquele material tão precioso que os pais sofreram para comprar. Novos professores, novos temas, as brincadeiras no recreio, conversas intermináveis sobre os mais variados temas, entre os colegas. Muita coisa a se pensar. Para crianças e adolescentes que ficaram longe dos amigos durante quase dois anos, este momento é de muita expectativa. Também é tempo de reflexão e análise. Tempo de admitir que precisamos acelerar os processos educativos e recuperar o tempo perdido.

A pandemia trouxe, além das incontáveis mortes, sequelas e tristeza, uma deficiência muito grande no nosso já fraco sistema de educação. Não existem culpados para este fato. A educação no Brasil vinha caindo num abismo, culminando com a penúltima colocação no exame internacional do PISA, dentre centenas de países participantes.

Dois anos perdidos, ou tocados da maneira que deu, serão frustrantes no futuro desta geração de estudantes, farão falta mais tarde. Desde que foi abolida a reprovação nos primeiros anos do ensino fundamental, mais e mais estudantes chegam às classes de ensino fundamental 2 sem saber interpretar o menor dos textos, quando muito sabendo ler e escrever. A pandemia contribuiu para que nossos alunos fossem literalmente empurrados de ano. Em 2020 quase que nenhum aluno foi reprovado, seguindo orientações de núcleos e secretarias de educação.

Sabemos que não havia um plano alternativo, visto que ninguém tem um plano mundial para combate a pandemias na terceira gaveta da escrivaninha, e, como sempre, o Brasil foi mestre em usar do ‘deixa disso’ com os alunos. Estudantes que nem frequentavam aulas on-line foram passados de ano, mesmo que todo mundo soubesse que o mesmo não aprendeu nada e nem se qualificou para a nova classe.

Vamos torcer para que este ano as coisas possam voltar à nossa normalidade, e que o entusiasmo dos estudantes se transforme em um incentivo aos docentes e administradores escolares, para que busquem a excelência no ensino, recuperando um pouco do tempo perdido durante a pandemia.

 

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com