6.Do ministério da pregação jungido à oração

Jesus Cristo, no único-salvante Evangelho dEle, disse aos Seus discípulos: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” – Mateus 7.7-11.

Cristo, de modo consolador, usa muitas palavras no versículo acima, colocando três mandamentos e três promessas juntas e jungidas: “Pedi e vos será dado; procurai e achareis: batei e se vos abrirá”, ainda que um só conjunto teria sido suficiente. Ele quer, com isto, admoestar-nos com tanto maior insistência à oração. Pois Ele sabe que nós somos tímidos e que não temos coragem para levar nossas necessidades a Deus, senão por graça divina, mediante a fé. Pois nós, por natureza, nos autoajuizamos indignos e incapazes de orar.

Em ação presente necessária, com engajamento corpóreo, com tudo o que se tem e se é, em favor de Cristo, do Evangelho, do Espírito, da fé rara, como membro da comunidade da Palavra, sentimos a carência perfeitamente. E por vezes até não somos capazes de expressá-la, na integralidade, em palavras. Pensamos, cá e lá, sob cruz incomum, como Deus é tão grande e nós tão insignificantes. Pior. Com maior e menor intensidade, de caso a caso, o diabo vem e sugestiona que não deveríamos atrever-nos a orar, porque somos pecadores que tem pecados. Também isto é um grande impedimento que o diabo coloca e que prejudica muito a oração e a vida de oração. Por isto Cristo, por meio do que diz nos versículos acima, quer livrar-nos dessa timidez e desses pensamentos incrédulos, para que não tenhamos nenhuma dúvida e para que avancemos confiante e atrevidamente em prol do Seu nome e do Seu reino. Pois, embora seja indigno, eu sou sua criatura de Deus. E porque Ele, mediante Cristo, por graça dEle, me considerou digno de ser sua criatura, também sou digno de tomar o que o Remidor me prometeu e me oferece tão generosamente, unido à comunhão de gente crente batizada. Em resumo: se eu sou indigno, Ele e Sua promessa não o são. Assim sendo, podemos e devemos arriscar-nos corajosamente e em confiança embasada na Palavra e na fé. Sim. Sem procrastinar é preciso expor diante dEle as preocupações e lançá-las com toda alegria e confiança em ‘Seu seio’. Sobretudo, porém, a pessoa crente batizada, em discipulado da cruz, vitaliciamente engajado em Igreja e Sociedade, assegura-se que crê verdadeiramente em Cristo e que se encontra num estado conveniente, que agrada a Deus, não como o mundo hostil a Cristo, que não dá atenção a seu estado e que dia e noite procura unicamente como praticar seus vícios e suas patifarias, sob o manto de vera fé, vero amor, vera esperança.

Cristo quer que sejamos perseverantes na oração – Rm 12.12. É como se quisesse dizer: não basta começar e suspirar uma vez, recitar a oração e ir embora. Assim como é a necessidade, também deve ser a oração. Ela não te ataca somente uma vez e depois te deixa em paz, e, sim, está sempre agarrada em ti, pendura-se novamente em teu pescoço e se nega a te largar. Faze tu a mesma coisa, pedindo sempre, procurando e batendo à porta, não desistindo jamais, como ensina o exemplo da viúva em Lucas 18.1-8. Ela não parou de importunar seu juiz, rogando e implorando impudentemente, e o fez com tanta impertinência até que o juiz se sentiu vencido, tendo que ajudar-lhe ainda que a contragosto. Quanto mais – assim conclui Cristo naquela passagem – Deus nos dará quando vê que não desistimos de pedir, e, sim, continuamos batendo até que Ele tenha que ouvir, sobretudo, porque assim o ordenou e mostra que Ele se agrada dessa persistência, embasada na Palavra e na vera fé.

Isto posto, por isso, assim como a necessidade sempre bate a tua porta, bate tu também e não desistas, porque tens a Sua palavra. Assim também Ele deverá dizer: pois vem, terás o que pedes. Disso também fala Tiago em sua epistola, dizendo que a oração do justo pode muito, se insistir com seriedade, e acrescenta o exemplo de Elias, o profeta das Escrituras. Semelhantemente o Deus Jesus Cristo o faz aqui para te incentivar a não pedires simplesmente, mas a bateres, a fim de verificar se és capaz de ser insistente e de ensinar-te que, por isso, tua oração não se torna desagradável, nem deixará de ser ouvida embora demore e, muitas vezes, te deixe procurando e batendo, como se não tivesse ouvido.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com