“Depois que Jesus havia terminado esse discurso, o povo se encheu de espanto sobre sua doutrina, pois pregava com autoridade, e não como os escribas” – Mt 7.28-29.
Paulo, chamado para ser apóstolo de Jesus Cristo, brilhará do modo mais maravilhoso, mais brilhante, mais claro do que os demais. Isto, porém, não significa que ele mereceu ou mereça o perdão dos pecados e a eternidade, e, sim, que Deus o galardoará pelo sofrimento incomum com glória tanto maior. No entanto, a maneira como as pessoas de fé, teologia, culto, piedade auto inovadas o interpretam não podemos tolerar, pois a justificação pelas obras significa injuriar e blasfemar ou negar a Cristo e a tudo que Deus nos deu por meio dEle, por graça dEle. Preferimos, antes, se não há outro jeito, como cristólogos, ser chamados de hereges e patifes e ser queimados a fogo a abandonar ou negar o santíssimo Evangelho da graça e da glória de Deus. E também queremos ater-nos a este consolo, ainda que, por causa disto, tenhamos que sofrer toda sorte de atribulações, infâmia, perseguição, porque não pode ser diferente. O diabo não nos fará concessões, e nem fará acordo com cristólogos. Ele quer preservar a doutrina da justificação pelas obras, e quer convencer-nos a crer como ele crê, mas sem amparo na Palavra de Deus. E, porque vê que nós nos negamos, ele arremete contra nós com todo poder, pois sabe perfeitamente que, se permanece o artigo de que o perdão dos pecados e Cristo são puro presentes, cada qual pode contar em seus dedos e concluir que a fé, teologia, culto, piedade auto inovadas de nada valem e que caem por terra por si mesmas, assim que as pessoas deverem fé de que a Igreja cai ou fica de pé dependendo de como fica e está o artigo da justificação. Cristo e o Evangelho nada aproveitam para quem se autosalva.
Aprenda a responder aos enunciados de Cristo que falam do merecimento e da recompensa, em conformidade com as Escrituras. E ouça, perfeitamente, que Cristo diz: “Bem-aventurados são os pobres de espírito, pois haverão de ter o reino dos céus” e “bem-aventurados vocês, se, por amor de Mim, sofrerem perseguição, pois a recompensa de vocês é grande no céu”, etc. Com isto, porém, Cristo não me ensina a construir o fundamento de minha bem-aventurança, e, sim, me faz uma promessa e me mostra o consolo que terei em meu sofrimento e na vida cristã. Aí não deves fazer confusão, misturando as duas coisas, nem transformar em mérito o que Deus me dá e oferece, como crente, em Cristo pelo Batismo e pelo Evangelho. Pois aqui não está escrito que posso merecê-lo e que, para isto, não preciso nem de Cristo, nem do Batismo, e, sim, para que os que são discípulos de Cristo, aos quais pregou aqui e que, por Sua causa, têm que sofrer muito, saibam onde buscar consolo e que, pelo fato de não se querer tolerá-los na terra, terão tudo com tanto maior abundância no céu. E quem mais trabalha e sofre, também, haverá de ter uma recompensa tanto mais gloriosa.
Em Cristo tudo seja igual e a graça divina é concedida igualmente a todas as pessoas arrependidas e crentes. E traz a cada uma, individualmente, a plena salvação como o bem supremo e mais comum, de modo que, quem tem a Cristo, naturalmente, tem tudo, não obstante, haverá uma diferença quanto à claridade e à glória com a qual seremos adornados e com a qual brilharemos, do mesmo modo como aqui, nessa vida, há diferentes dons, onde um trabalha e sofre mais do que o outro. Naquela vida, porém, tudo será revelado, para que todo o mundo veja o que cada um fez, obtendo uma glória tanto maior. Sobre isto se alegrará todo o exército celestial. Isto que escrevi agora basta sobre o assunto que exigia posicionamento para discernir e separar, corretamente, em suas consequências e desdobramentos, justificação por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo e justificação pelas obras da lei. Gratidão.