Jesus Cristo diz e prega, peremptoriamente: “Por isso, ao sacrificares tua oferta sobre o altar e ali lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa tua oferta perante o altar e vai, antes, reconciliar-te com teu irmão; depois vem e sacrifica tua oferta” – Mt 5.23-24.
Tanto a pessoa, individualmente, como a Igreja que quer apresentar-se perante Deus com desprezo no coração ou de coração não reconciliado, esta está brincando com um ídolo. A pregação de Cristo é bênção em nosso favor! Enquanto é negado à pessoa irmã o serviço e a caridade, enquanto estiver exposta ao desprezo, tiver algo contra a evangelista de Cristo ou contra a Igreja, a oferta será rejeitada. Não precisa haver ira da minha parte; basta que haja uma pessoa irmã magoada, ultrajada ou desonrada “que tenha algo contra mim”, ela já estará entre mim e Deus. Examine-se, pois, a Igreja dos discípulos de Cristo Jesus para ver se não se tem tornada culpada em irmãos e irmãs aqui e acolá, se não tem acompanhado o mundo no ódio, no desprezo, no ultraje, por amor do mundo, tornando-se culpada de matar o irmão, a irmã. Examine-se, pois, a Igreja das pessoas discípulas de Jesus hoje, ao se reunir em oração e culto, para ver se não se interpõem entre elas e Deus muitas vozes acusadoras, frustrando-lhes a oração; para ver se deu às pessoas rejeitadas e desonradas pelo mundo um sinal daquele amor de Jesus que ama gente não amável na esperança de que se torne amável. O amor dEle conserva, carrega, protege a vida. Deus não quer ser separado do irmão, da irmã; não quer ser honrado enquanto uma pessoa irmã é desonrada. Ele é o Pai, que mediante Jesus Cristo, se fez irmão de todas as pessoas. Esta é a razão última porquê Deus não mais quer ser separado da pessoa irmã. Seu próprio Filho fora desonrado e ultrajado por amor da honra do Pai. O Pai, porém, é inseparável do Filho; por isso também não quer ser separado de quem Ele se fez irmão por amor dos e das quais Seu Filho suportara ultraje, imerecidamente. Por causa da encarnação do Filho de Deus em nosso benefício, sacrifício e fé verdadeira são inseparáveis.
Ao que, no discipulado de Cristo, prestar verdadeiro culto a Deus, não resta outra coisa a não ser a reconciliação com a pessoa irmã. Quem, com o coração não reconciliado, vem ouvir a Palavra de Deus e receber o Sacramento, recebe-os para juízo e condenação. Perante Deus tal pessoa é transgressora do mandamento: Não matarás. Por isso “vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão, a tua irmã; e, então, voltando, faze a tua oferta”. O caminho que Deus espera da pessoa discípula de Cristo, é duro. Ele passa por humilhação e injúria, mas é o caminho para ele, ao Irmão crucificado e ressuscitado, o caminho da graça. Jesus Cristo ofereceu ao Pai o único e verdadeiro sacrifício, na carne. Não sacrificar por fé é a pregação e ensino do diabo!
Ainda nós estamos vivendo no tempo da graça, pois ainda há uma pessoa irmã ao nosso lado, ainda estamos com ela a caminho, antes da segunda vinda de Jesus Cristo para juízo das pessoas vivas e das mortas. Ainda há chance de ir ao encontro da pessoa irmã; há oportunidade de pagar a dívida a quem nos tornamos gente culpada. Chegará a hora em que se verificará que há gente salva eternamente e também quem será condenada eternamente. Não há segunda chance para se arrepender e crer em Jesus Cristo, quando cairmos nas mãos do Juiz. E, então será tarde demais, pois aí valerá justiça e castigo até o ‘último centavo’!
É graça de Deus que nós podemos ir ao encontro da pessoa irmã, fazendo justiça a ela. É graça poder se reconciliar com a pessoa irmã. Porque é ela, em e por causa de Jesus Cristo, o Crucificado-Ressurreto / Ressurreto-Crucificado, a nossa graça na Graça perante o juízo final.
