Jesus Cristo disse: “Ouvistes que foi dito: “Olho por olho, dente por dente”. Eu, porém, vos digo que não deveis resistir ao mal. Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. E se alguém quer contender contigo e tirar-te a túnica, dá-lhe também a capa. E se alguém te obrigar a andar com ele uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que te pede algo emprestado” (Mateus 5.39-42).
O espírito cristão condena e denuncia a ideia do governo mundial, que mistura e confunde o regime secular e o regime espiritual. Igreja e Estado precisam exercer a sua função, ofício e incumbência sem que ambos se unifiquem ou diluam mutuamente. As pessoas cristãs não devem se preocupar com governo e reino secular. Elas não têm nada haver com eles, mas, sim, antes, devem deixá-los aos cuidados das autoridades legítima e democraticamente eleitas e incumbidas para tal ofício e função. É eles que devem determinar, por exemplo, como fazer a distribuição dos bens, como negociar, punir, proteger… Nós, pessoas cristãs, devemos, antes, zelar pelo que Cristo institui para a nossa salvação: O ministério da Palavra e os Meios da Graça de Deus. Orar, interceder, suplicar junto a Deus em favor das autoridades. E, obedecer a Cristo que nos ensina, dizendo: “Deem a César o que é de César…” (Mateus 21.22). Pois nós que cremos em Cristo, pela fé, fomos e somos transferidos/as para outro regime, para um reino mais sublime, que é o divino, no qual não se precisa das coisas que pertencem ao mundo, no geral, hostil a Cristo, Seu Evangelho, Sua pregação. Sim, onde, pela presença do Espírito Santo, cada qual é para si mesmo um senhor / uma senhora em Cristo sobre o diabo e o mundo. Cada qual no seu devido lugar, como responsabilidade, cumpra o seu dever como pessoa crente batizada. Não é ao reino secular a quem compete pregar, ensinar e confessar a palavra de Deus. Não é ao reino espiritual que compete governar ou teocratizar o mundo, para, assim, melhor, de alguma forma, se beneficiar de suas benesses e fugir do discipulado da cruz. Mundo, por mais gente cristã que há nele, permanece e sempre permanecerá mundo.
Às pessoas encarregadas e incumbidas com o regime secular têm a obrigação de administrar o direito e de punir, com justiça, ordenar as diferenças que existem e devem existir entre as pessoas, os diferentes estados, as diferentes profissões, administrar e distribuir bens, para que tudo tenha sua ordem e cada pessoa saiba o que deve e não deve fazer e a que tem ou não direito, e ninguém se imiscua no ofício do outro / da outra, avance nas coisas das outras pessoas e lhes tire o que lhes pertence. Para que isso funcione bem e corretamente é necessário, por exemplo, juristas que nos ensinam isso e devem vigiar sobre o seu verdadeiro e autêntico cumprimento. O Evangelho, porém, não deve preocupar-se com essas coisas, pois ele ensina a respeito da relação e comunhão correta para com Deus e da possibilidade de como tudo isso pode manter-se puro e de como não cair em falsa justiça, que, pode, até, brilhar na aparência diante das pessoas mas, ao cabo, nada vale diante de Deus, que nos faz e considera pessoas justas quando cremos em Jesus Cristo como o nosso único e suficiente SENHOR e Salvador. É preciso, para não cair no erro e nas heresias, que nós pessoas cristãs estejamos cientes e entendamos essa diferença e prestemos, muita, atenção a ela. Pois nesta base se pode responder, facilmente, ao que compete à Igreja e o que ao Estado.
Jesus Cristo fala do e para o ser humano espiritual e da vida espiritual e prega às pessoas cristãs como elas se devem comportar perante Deus e o mundo. A saber: Que o coração, pela fé, esteja, somente, preso em Deus e não se ocupe com o regime secular nem com qualquer autoridade, poder, punição, ira, vingança. Separado seja, pois, corretamente, Igreja e Estado.
