DO ABUSO DE PODER – DO SER UM CRISTO PARA

Jesus Cristo pregou: “Ouvistes que foi dito: “Olho por olho, dente por dente”. Eu, porém, vos digo que não deveis resistir ao mal. Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. E se alguém quer contender contigo e tirar-te a túnica, dá-lhe também a capa. E se alguém te obrigar a andar com ele uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que te pede algo emprestado” (Mateus 5.39-42).

Nós lemos em Mateus 18.21-35, na parábola do servo, ao qual seu senhor havia perdoado toda dívida enquanto ele não quis perdoar a seu conservo uma dívida ínfima, deixando os outros servos muito indignados, que denunciaram, com reprovação, isso a seu senhor. Não porque eles quisessem se vingar ou porque eles tivessem prazer em sua desgraça. Contudo, eles dominaram seus punhos, seus corações e sua boca, não praguejando nem o difamando perante as outras pessoas, mas, antes, isto sim, levaram a causa perante o senhor que tinha a competência de punir. Eles procuraram, porém, justiça, com coração renovando pelo Espírito Santo, cristão, por assim dizer, como pessoas que tinham o compromisso de fidelidade a seu senhor. É isso que deve e tem que acontecer, seja numa casa de família ou numa cidade. Onde uma pessoa serva ou uma súdita dedicada e fiel vê alguém cometendo injustiça contra outrem, ou causando um prejuízo a seu senhor, ele/a o deve denunciar e impedir o prejuízo à gente próxima. Também, pela fé, se uma pessoa cidadã honesta enxerga que seu vizinho / sua vizinha está sofrendo violência ou prejuízo, ele/a ajudará proteger e defender esta pessoa, de bom grado. Tudo o que referi são exemplos corriqueiros ou ‘negócios seculares’, que Cristo não proibiu, mas, sim, antes os confirmou com a Sua pregação e o Seu ensino e a Sua obra.

De modo algum se deve, nem se pode tolerar que qualquer pessoa cometa as maiores barbaridades, nem se deve observar tudo de mau e mal que acontece em silêncio sem tomar nenhuma iniciativa, quando se pode, perfeitamente, impedi-lo e preveni-lo dentro da ordem e da decência, embora tivéssemos e devêssemos que sofrê-lo, quando se comete injustiça e violência contra nós mesmos/as. Pois não se deve e nem se pode compactuar com a injustiça, como se os fins justificassem os meios. É preciso, por causa de Cristo e do Seu Evangelho, pela fé, se responsabilizar, testemunhar a verdade, não se acovardar. Porquanto, nós podemos, perfeitamente, invocar o direito secular contra a violência e a injúria, assim como o próprio Cristo apelou para a lei perante o sacerdote Anás e pediu justiça. Não obstante, Ele tolerou que os algozes batessem nEle, oferecendo não apenas a face, mas o corpo todo.

Aí nós, você e eu, temos excelentes e claras instruções acerca de como proceder, corretamente, nas duas situações, de modo que não se precisa das extensas e perigosas interpretações em voga no passado e no presente, que, em verdade, não nos tornam um cristo para a pessoa próxima. A única coisa necessária é que se faça uma distinção clara entre as duas e que não sejam confundidas, para que ambas tenham vez. No entanto, de tal modo que cada qual permaneça em sua esfera, ou seja, que uma pessoa cristã possa exercer toda sorte de negócios seculares sem que isso seja pecado, não, porém, como cristã, e, sim, como pessoa do mundo, sem, contudo, ser e agir segundo o mundo. Não obstante, seu coração permanece puro em seu cristianismo diante de Deus, conforme Cristo o exige. O mundo hostil a Cristo, não pode fazer isso, pelo contrário, abusa, com altivez a prepotência, de toda ordem e de todo o direito secular. Sim, em verdade, de toda a Criação, contrariando o mandamento de Deus.

 

Please follow and like us:

Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com