Sl 16 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 16 é uma profecia acerca da paixão e ressuscitação de Jesus Cristo, como os apóstolos a pregaram e confessaram poderosamente, em consonância com a Escritura. Veja, por exemplo: Ap 2.25ss., e 13.35. E quer que nós, como membros do Corpo de Cristo, bendigamos fervorosamente a Deus Pai na unidade do Espírito Santo porque Ele, Cristo, o nosso SENHOR, com Sua obra redentora e ofício salvífico, como a partir do Novo Testamento o cremos, rejeitou a Velha Aliança com seus sacrifícios e o culto meritório, como sendo idolatria, quando se quer alcançar justificação mediante as obras da lei, méritos, boas obras. E como Deus elegeu, por graça dEle e fé, outros santos e povo como bela herança para Si. O Salmo, porque contém artigo basilar de fé, também pertence ao primeiro, segundo e terceiro Mandamentos, porque ele, na época, proclamava a nova honra, obra, palavra, culto a Deus, por graça dEle, mediante Cristo, que haveria de ser enviado ao mundo de acordo com o antigo culto divino, que era para fortalecer a fé no prometido por Deus. E está contido na primeira e nas outras duas súplicas do Pai Nosso, porque em Deus podemos nos refugiar mediante Jesus Cristo.
O Salmo 16, o Mictã de Davi – como os Salmos 56, 57, 58, 59 e 60, que também têm este título –, “Salmo de Ouro”, ou “Salmo do Segredo Precioso”, edifica, exorta, consola as pessoas santas por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo, que livra, salva, resgata, em monoagência, do pecado, da morte, do diabo, do mundo, de todo o mal. E o presente Salmo, de modo extraordinário, embasa a fé que crê e confessa que Jesus Cristo desceu ao inferno, e no terceiro dia haveria de ser ressuscitado dos mortos, em nosso favor. Não é de somenos que ele, o Salmo, é nominado de hino de Davi, ou Hino ao Arco – 1Sm 1.18 –, e que os apóstolos tenham tratado dele muitas vezes – Mc 9.8; At 13.35-38; Cl 3.11 –, em exaltação de Cristo e Seus benefícios. Ele que por nós padeceu, morreu, foi ressuscitado, ascendeu aos céus, e está sentado à destra de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde virá segunda vez para julgar os vivos e os mortos. E concede, às arrependidas e crentes nEle, a vida eterna e perpétuas alegrias.
Todas as pessoas que querem viver, morrer, ser ressuscitadas para a vida eterna precisam perseverar na Palavra e na fé, segundo as Escrituras. Pois o inferno Deus preparou para o diabo e os seus anjos. A pessoa que foi dadiva com a fé que adere a Cristo, em Seu benefício e proveito, por ação do Espírito Santo, não precisa ter medo e nem temer a morte, o pecado, o diabo, todo o mal. Aliás, nenhuma bênção ou graça alcançada é tão abrangente, profunda, necessária, benevolente como a presença, viva, real, verdadeira de Deus Pai, mediante Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo, junto a si na vida e na morte e para além delas.
Isto posto, como fica evidente no próprio Salmo e na explicação, ele tem profunda significação doutrinal e espiritual para o povo da Palavra e da fé, peregrino nesse mundo hostil a Cristo e Seu Evangelho, Sua doutrina, o Espírito, a fé que é dom e dádiva. E, em virtude do seu conteúdo, é um “Salmo de Ouro de Davi”. Sem sombra de dúvida é um Salmo evocativo que nos notifica à fé em Jesus Cristo, que nos redime dos inimigos espirituais por intermédio de Sua obra salvífica. E, como tal, nos atrai a Ele no sentido de que busquemos refúgio somente nEle em toda necessidade, precisão, morte. Por isso mesmo, em fé incomum, reina no salmista refrigério, paz, segurança, confiança que tem Deus como autor, sujeito e agente, mono.
P. Airton Hermann Loeve.
