Sl 2 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo dois é uma inefável e distinta profecia de Jesus Cristo, como Ele haveria de sofrer e, por meio do Seu padecer tornar-se Rei e SENHOR de todo o mundo, e abençoar todas as pessoas que nEle creriam. E nele também há ameaças contra os reis e senhores mundanos, que, irredutíveis na impenitência e incredulidade, haveriam de perecer, visto que se recusam a adorar e servir, via Palavra e fé, a este Rei e SENHOR vindo da parte de Deus Pai, segundo a promessa. Sim, eles, enquanto tolos soberbos, petulantes, altivos, prepotentes, juntamente com todo o seu poder, autoridade, honra, glória, destronados, perecerão visto que, autoindulgentes com sua fé e vida malífluas, ousam perseguir e aniquilar a Cristo e Seu Reino. No presente Salmo, Deus Pai, em Seu amor, promissivo, nos notifica ao arrependimento e à fé em Cristo e conscientiza a fim de que, se é que queremos ser salvos, demos ouvidos à Palavra. E que tenhamos em alta honra o exercício legítimo e puro ministério da pregação dela.
O presente Salmo tem relação com o primeiro Mandamento, visto que Deus se autocompromete ser e quer ser o nosso Deus, nos salvar de toda necessidade, precisão, apertura, e nos quer fazer bem e conceder tudo o que é bom, contanto que, unido ao povo da Fé, nEle creiamos via Cristo. Porquanto é por meio dEle que Ele, na unidade do Espírito Santo, nos livra do pecado, da morte, do diabo, do inferno, de todo o mal e nos traz para a vida eterna possível com Ele. Isto nós também pedimos e suplicamos a Deus Pai no Pai Nosso – a Oração do SENHOR –, na segunda e na terceira petições. E não é de menor importância que a Igreja, Corpo de Cristo, traz a Ele, em oração, em primeiro lugar, a honra, a glória, o louvor, a adoração. Pois Ele é incontestavelmente, em nosso favor, o Soberano SENHOR – At 4.25ss.
Por fim, vale ressaltar que o sofrimento e a perseguição de Cristo, Sua glória e Seu reino não apenas se dão sob os judeus, mas também entre os gentios até o fim do mundo. E aqui neste Salmo o adversário de Cristo é exortado, com palavras rotundas. Idem. Adverte as pessoas poderosas arrogantes, investidas de poder e autoridade, para quem Cristo não é importante, que deem fé à verdade de Deus. Sim que elas, conscientizadas, não prefiram e nem queiram, não obstante, perecer e morrer miseravelmente sob Cristo, a pedra angular; e nem ter a Deus Pai contra si, na vida e na morte e para além delas, como juiz irado. É prudente se deixar advertir de que Deus Pai mediante Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo exalta somente as pessoas humildes de espírito, que Lhe ouvem com fé presente. Ademais, só as pessoas obedientes, por ação do Espírito, verdadeiramente creem. E, não poucas, em grande perigo e tentação, antes de serem martirizadas, oraram o presente Salmo, em busca de consolo e fortalecimento contra a presença e ação de gente má, tola, traiçoeira, filhas da desobediência, sobretudo quando investida de poder e autoridade, à cata de liberdade mundana segundo a carne e o sangue. O Salmo é profético porque assegura que o mundo mau e o diabo traiçoeiro não prevalecerão em caráter último, ainda que na realidade penúltima, não raro, banhem e reguem a terra com muito derramamento de sangue inocente e façam com que muita gente reformadora da fé e da moral padeça e chore amargamente, sob os mandos e desmandos de autoridades endiabradas ou agem que fundamentados no poder, riqueza, quantidade numérica dos devastadores de Cristo e Seu Reino. Não obstante, está petreamente firmado, não pela carne e sangue, que no Reino de Cristo, que é um reino espiritual, a vitória não é dos inimigos espirituais e seus servos, ainda que a maioria, acuada ou seduzida, despreze, relaxe, abandone ou não assuma, em todas as suas consequências e desdobramentos, o ministério puro da Palavra e Meios da graça de Deus. Verdade é e permanece: só o SENHOR é Deus.
