Sl 8 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo oito é uma profecia de Cristo, pois salmodia acerca da Sua excruciante paixão e morte, da Sua ressuscitação e do Seu reino sobre todas as criaturas, em todo o orbe terrestre. E tal reino deve ser fundado pela boca de pequeninos e crianças de peito, isto é, sem espada e armas, somente pela Palavra e fé, em exercício do ministério da pregação de modo puro, correto, legítimo, necessário, indispensável. Porque se a Palavra de Deus desaparece, a fé morre, o amor esfria, e praticamente inexiste doravante misericórdia nos três estamentos. E o Salmo oito pertence ao primeiro Mandamento, pois Deus quer ser o nosso Deus, do início ao fim da vida, e para além delas; e à segunda petição do Pai Nosso: que o Seu reino venha a nós.
O presente Salmo, que é atribuído a Davi; o octogésimo primeiro, à Asafe; e o octogésimo quarto, aos filhos de Corá. Todos eles contêm, no título, a palavra ‘torcularia’ ou githith, que foi traduzida para o português como ‘os lagares’, e significa, ao modo da interpretação da própria Escritura, Is 63.3: a amarga paixão e o excruciante sofrimento de Cristo, e a Igreja dEle, que é feita padecer na terra em consequências da presença e ação dos inimigos espirituais e das gentes, poderes, autoridades e instituições regidos, inspirados, governados por eles. O autor e agente, mono, na redenção é Deus, o SENHOR, mediante Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. E também é Ele, sem participação nossa, quem vinga, já que de outro modo e de forma alguma se faz presença a penitência, antes se autojustifica a impenitência e a incredulidade. Lagar também é a diaconia da Palavra de Deus na Igreja – Is 5.2. E também significa o pregador, 1Co 9.9, que exerce o ministério da Palavra de modo puro e administra os Meios do Evangelho em conformidade com as cristofanias. E a reação à Palavra e aos Meios do Evangelho, sempre, é dupla: uns creem e outros duvidam, obstando com afirmativas e questionamentos sôfregos, que pisam o coração dos legítimos e autênticos cristólogos, reformadores da fé e da moral, que oram e pregam no sentido de que todas as pessoas, em todos os estamentos, sejam luteradas, de fora, internamente, pelo Espírito Santo, que quer e pode conformar ouvintes crentes com Jesus Cristo, o Crucificado-Ressuscitado / Ressuscitado-Crucificado em nosso favor, antes do nossa concepção e nascimento com vida.
Ao modo do salmodiado pelos salmistas nos três Salmos referidos, ‘lagar’ e ‘lagares’ descrevem e apontam para o nome do nosso SENHOR Jesus Cristo, no sentido de que seja santificado em nós e entre nós, em todo o orbe terrestre, e que as pessoas se submetam a Cristo, em temor e tremor, e que o diabo seja totalmente destruído e aniquilado. E que, por boca de pequeninos e crianças de peito, em toda parte, sem dolo, malícia e ma-fé, o Evangelho de Cristo e a Palavra da cruz, não obstante a presença dos inimigos e adversários, sejam pregados e ensinados, com clareza e pureza, para alegria e esperança de quem o faz, e para salvação de quem ouve com fé presente. Pois sem sombra de dúvida e com toda a certeza, com as devidas ressalvas da palavra e da comparação do exemplo, no mundo, a palavra da cruz espreme e humilha as pessoas cristólogas, reformadoras da fé e da moral, como um lagar: reúne o trigo, antes disperso nos campos, e após recolhido e triturado e tornado farinha, num só corpo; ou como os cachos de uva que antes estavam espalhados nos vinhedos, agora, colhidos e espremidos, tornados vinho, estão guardados numa tina. Aprouve a Deus fazer com que fazer com que o salmista salmodie lagar/ lagares, pois somente a Palavra da cruz é capaz de crucificar e subjugar o velho Adão, porque ele é um ‘bom nadador’, que sempre de novo, emerge, e isto justamente quando se cria que estava, de todo, matado, aniquilado e subjugado. E a condição de pecado nos obriga a suportar os mais diferentes sofrimentos e cruz, em renúncia constante, via Palavra e fé, unido ao santo povo santificado em Cristo, para a vida eterna, e que tem o Espírito Santo presente e ativo em si, a bem das pessoas, no conjunto da Criação.